Janeiro é sempre um mês mais complexo, no que diz respeito aos gastos. Chegam as contas de Natal e Ano Novo, algumas com certo exagero, e os impostos mais pesados, como IPVA e IPTU. Para os pais, além das listas de materiais e livros escolares, as férias geram despesas adicionais não planejadas.
É preciso cautela, pois a sensação de novidade, com novos ciclos, novos votos e um ano inteiro para ser escrito, não apaga tudo o que já houve no passado, sobretudo as dívidas e contas já contraídas. Nenhuma resolução de Ano Novo é capaz de mudar isso.
Por outro lado, se você não tem o hábito do planejamento, essa é uma boa hora para adquirir. É o momento de organizar tudo para o início do novo ciclo, inclusive como resolver as pendências do passado. Quando falo em pendências, não me refiro apenas ao lado financeiro, mas àquele reparo na casa, troca de um carro, renovação dos móveis, viagens, tudo o que você gostaria e precisa fazer, mas não fez no último ano.
Nas empresas, lançamos mão de algumas ferramentas para nos ajudar a planejar, controlar e mensurar se o que foi planejado está acontecendo e, se não estiver, avaliar se é necessária a tomada de alguma ação.
Sempre digo e repito que nossa vida pode ser tratada como um empreendimento, portanto as ferramentas utilizadas no meio corporativo, respeitando as devidas proporções, podem ser úteis em nossas vidas pessoais.
O planejamento estratégico dá o norte, mostra onde queremos chegar. É a partir dele que pensamos nas ações para chegarmos lá.
As ações, por sua vez, são planejadas nas mais diversas áreas, como logística, financeiro, marketing, administrativo, etc. Se a demanda é expandir, preciso de uma projeção que inclua os dados de todos os setores para que se determine o tamanho do investimento, fonte do recurso (de onde vem o dinheiro) – que pode ser de uma reserva, de um financiamento, empréstimo, consórcio, por exemplo – e aí sim pensar na viabilidade. Dá ou não pra fazer, é viável?
Vejam que esse exercício, como eu já disse – salvo as devidas proporções – pode ser feito em casa, para qualquer que seja a tarefa a ser desenvolvida.
Claro que para iniciar você precisa saber o que quer, então faça uma lista com todos os seus desejos. Uma dica é que você organize por grau de dificuldade, as mais leves primeiro. O tamanho dessa lista vai depender de você, seus sonhos e desejos, mas dificilmente será possível realizar tudo de uma vez, e aí vem nossa segunda tarefa.
Descreva o que é preciso para realizar cada uma das ações listadas, pense em todos os seus desafios e, no caso das empresas, nos departamentos e o impacto desta ação em cada um deles. Quais os recursos físicos, logísticos, de tempo e financeiros que envolvem esta atividade?
Para as mais difíceis, a dica é separar por pequenas etapas. Assim, passo a passo, você chegará lá e o tamanho destes passos depende do tamanho de suas pernas, ou seja, sua capacidade de realização. Lembre-se que não estamos falando apenas de coisas grandes, é importante pensar em exercícios físicos, leitura, melhor aproveitamento do tempo livre, prática de algum hobby ou qualquer outra coisa que você sempre quis fazer e, por algum motivo, tenha deixado em segundo plano.
A mensuração deve ser feita com frequência predeterminada. Nas empresas, cada área cuida de suas tarefas, pessoalmente definimos um prazo para cada tarefa e, através de checklist ou de algum aplicativo de gestão de projetos, monitoramos o andamento de cada uma delas.
Parece complexo, mas ao decorrer do tempo, praticando e vendo os resultados, se torna um bom hábito. E aí, que tal tirar os desejos do papel e começar essa lista agora?
Jean Dunkl
@jeandunkl
CEO da CPD Consultoria e da Espacio de Color, mentor em Gestão Estratégica de Negócios, gestor da Impera e voluntário da Singularity University