Pesquisas indicam que, a cada ano, cerca de 70 milhões de pessoas são introduzidas no mercado global do consumo de massa, e que esse número deve chegar a 5,3 bilhões até 2030. Essa é a economia emergente. Com dados como estes em mãos não precisamos de muita conta para entender o quanto este cenário não se sustenta.
Quando falamos em consumo consciente, logo se pensa nas questões de preservação do meio ambiente. Economia de água, energia e jogar o lixo no lixo são as ações mais populares, mas o conceito vai muito além disso. Não significa também simplesmente parar de comprar, todos temos demandas diversas em nosso dia a dia e precisam ser supridas.
É preciso ter conhecimento dos impactos de nossas compras e o que elas significam ao ecossistema empreendedor, saber quais as opções disponíveis e decidir qual a melhor opção para o momento da sua compra, como, por exemplo, dar preferência aos pequenos fornecedores ou privilegiar os comércios locais.
Uma das ações a serem tomadas é a introdução ao tema de maneira mais ampla e aprofundada ainda na educação infantil, pois é muito mais efetivo criar hábitos na formação das crianças do que tentar mudar a cultura dos adultos, com seus costumes e vícios sedimentados.
No que tange às indústrias e, novamente trazendo o bem-estar da população como um dos pilares do desenvolvimento sustentável das cidades, a economia circular tem como conceito a utilização dos recursos em sua totalidade, aproveitando, inclusive, os resíduos de uma operação como matéria-prima para a mesma operação ou para outra qualquer que seja.
Quando falamos em bens de consumo, o excesso de exposição e a imposição de se estar sempre atualizado tem levado os consumidores a comprar além de sua realidade. Um pouco desse consumo frenético é explicado pela necessidade da aceitação em grupo, pela importância da socialização que, muitas vezes, fala mais alto até do que a própria capacidade financeira do indivíduo. Muitos se endividam ou se submetem a financiamentos com juros leoninos para suprir uma expectativa social.
Já quando o assunto é alimentação, os indicadores são ainda mais alarmantes. O Índice de Desperdício de Alimentos 2021 – relatório do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) – sugere que 17% da produção mundial de alimentos vai para o lixo. Enquanto existem milhares de famílias em situação de fome, uma família brasileira desperdiça em média 130 quilos de alimentos ao ano. Este último dado vem de uma pesquisa realizada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que revela ainda que, a maior parte dos alimentos desperdiçados são de alto valor nutricional: as carnes representam 42,5% e o arroz, feijão e grãos em geral chegam a 27,5%. Os principais motivos deste desperdício são culturais, como compras em excesso e porções super dimensionadas.
Tratar apenas das questões da alimentação já seria de grande valia para todos, mas se abordamos um tema de tamanha importância desta forma, imaginem o quanto ainda temos de evoluir na questão dos eletrônicos, vestuário, entre outros.
O REEE (Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos) é o nome técnico dado para os descartes gerados por computadores, celulares e demais eletroeletrônicos desde pilhas, baterias, utensílios domésticos até equipamentos como geladeiras, micro-ondas e máquinas de lavar. Um estudo recente do IBGE divulgou que cerca de 100 mil toneladas de lixo eletrônico são descartadas por ano.
Para tratar do descarte existem diversas organizações e o trabalho é notável, de enorme relevância, porém, como diz a frase de Chico Xavier – “Ambiente limpo não é o que mais se limpa e sim o que menos se suja”, fica evidente a necessidade de comprometimento da sociedade em atuar nas causas e não nas consequências.
O Instituto Akatu, que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o consumo responsável, divulgou em seu site algumas dicas que eu gostaria de compartilhar com vocês neste momento. Veja no quadro ao lado.
Não seja impulsivo nas compras. A impulsividade é inimiga do consumo consciente. Planeje antecipadamente e, com isso, compre menos e melhor.
Leve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas escolhas de consumo.
Reflita sobre suas reais necessidades e procure viver com menos.
Não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar.
Recicle e contribua para a economia de recursos naturais, a redução da degradação ambiental e a geração de empregos.
Pense bem se o que você vai comprar a crédito não pode esperar e esteja certo de que poderá pagar as prestações.
Em suas escolhas de consumo, não olhe apenas preço e qualidade do produto. Valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente.
Compre sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para combater o crime organizado e a violência.
Adote uma postura ativa. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos e serviços.
Seja um militante da causa: sensibilize outros consumidores e dissemine informações, valores e práticas do consumo consciente. Monte grupos para mobilizar seus familiares, amigos e pessoas mais próximas.
Exija de partidos, candidatos e governantes propostas e ações que viabilizem e aprofundem a prática de consumo consciente.
Avalie constantemente os princípios que guiam suas escolhas e seus hábitos de consumo.
Fonte: Instituto Akatu
Jean Dunkl
@jeandunkl
CEO da CPD Consultoria, mentor em Gestão Estratégica de Negócios, gestor da Impera (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Franca) e do MKBZ Studio, voluntário da Singularity University