12O principal objetivo das cidades inteligentes é o bem-estar dos cidadãos, como falei anteriormente. Mas, como garantir que esse objetivo seja alcançado sabendo que no mundo, em média, 55% da população vive nas cidades e, no Brasil, esse indicador atinge 85%?
As cidades inteligentes precisam de pessoas, processos e administração inteligentes, e o desenvolvimento das cidades – de maneira sustentável – é uma meta desejável no cenário global. Portanto, as soluções devem ser pensadas, desenvolvidas e entregues em curto e médio prazos, mas que colaborem com os objetivos a longo prazo.
A Governança Colaborativa preconiza a implantação de políticas urbanas através do debate entre as partes interessadas, engajando poder público e privado nas tomadas de decisão para as demandas da cidade. Através do compartilhamento das boas práticas, vem a possibilidade do consenso entre os envolvidos, gerando propostas de políticas públicas mais efetivas e resultados significativos na gestão estratégica dos municípios. Ficam evidentes os benefícios desse modelo de governança quando comparadas a velocidade dos processos nos órgãos públicos e seu nível de burocracia à velocidade que as inovações tecnológicas e a demanda por atualização de processos ocorrem.
Ainda mais evidente é a necessidade de repensarmos o modelo da gestão pública, favorecendo não apenas a participação no apontamento dos problemas, mas também no processo de construção das soluções.
Neste momento, a governança vai além de um conjunto de leis, regras administrativas, pareceres judiciais que parametrizam as atividades do governo e se torna uma ferramenta de gestão com foco em desenvolvimento contínuo e melhoria de performance.
Ao aliarmos esta metodologia da gestão colaborativa com a utilização das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) chegamos ao conceito da Governança Inteligente, quando unimos sociedade, tecnologia, inovação e governo em um mesmo objetivo. A tecnologia, apesar de importante, não é o único diferencial da governança que se busca para uma cidade inteligente. É preciso considerar a tecnologia e a inovação no desenvolvimento de novos arranjos para o ecossistema.
As TICs, além de permitirem a coleta e compartilhamento de dados auxiliando no desenvolvimento de soluções, têm grande potencial anticorrupção, pois atuam no monitoramento e controle das ações, detectando e indicando comportamentos desalinhados com os padrões esperados no processo de transparência. Mais um motivo relevante para que seja implantada.
Existem elementos que contribuem para o processo de governança de cidades inteligentes e, um deles, é o Governo Aberto (Open Government). Suas diretrizes são transparência, participação e colaboração, e ele traz métricas que objetivam as ações governamentais nestes temas. Através da exposição de dados, permite que os interessados e envolvidos tenham clareza sobre a forma de trabalho de seu governo e, com a grande quantidade de informações disponíveis, sobre a visão do conjunto de atividades do governo e suas ações sociais.
Ouvimos falar ainda no “e-governance Governo Eletrônico”. Neste elemento, a utilização da tecnologia da informação é uma de suas características mais fortes e, quando aliada à gestão pública, traz contribuições significativas. Dentre elas, a maior eficiência operacional, otimização dos custos e ganho em produtividade, além, é claro, da melhora na experiência do usuário – desde a sua relação com o setor público até o acesso a oferta de serviços e soluções.
Para alguns autores, o conceito de e-governance é sinônimo de simplicidade em governança, aproximando governo, cidadãos e empresas. Vale lembrar, que não estamos falando de ter apenas um site ou canais de comunicação on-line e, sim, desenvolver processos completos de forma eletrônica.
Fechamos então quatro pilares importantes para o desenvolvimento sustentável dos municípios: cidades, cidadãos, processos e governos inteligentes.
Jean Dunkl
@jeandunkl
CEO da CPD Consultoria, mentor em Gestão Estratégica de Negócios, gestor da Impera (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Franca) e do MKBZ Studio, voluntário da Singularity University