Passamos por momentos em que grandes escândalos vieram à tona e a corrupção ficou evidenciada, não apenas no âmbito governamental, mas, também, no meio corporativo. Atributos que seriam considerados como o mínimo esperado, como honestidade e ética, se tornam diferenciais competitivos.
Este é um assunto tão sério, que as empresas buscam certificações e desenvolvem ações para mostrar seu compromisso com a ética e a transparência em suas atividades e, quando pensamos em smart cities, deve ser tema obrigatório.
Na busca pelo combate à corrupção, o tema “governança” avança e ganha espaço entre as mais diversas instituições, como forma de garantir que suas estratégias e seu desenvolvimento reflitam seus valores e estejam em acordo com as boas práticas, regras e a ética do mercado.
Estamos falando de uma metodologia utilizada para fazer gestão, seja de uma empresa ou de uma instituição, seja pública ou privada, e seu principal objetivo é cuidar para que os interesses e expectativas dos stakeholders (todos os interessados pela operação) estejam alinhadas com as regras de negócios e interesses dos órgãos de fiscalização e regulamentações.
A governança corporativa atua tanto no ambiente interno, cuidando para que todos sejam ouvidos e sigam as estratégias definidas, quanto no externo, norteando a gestão para que sejam cumpridas as regulamentações e tudo ocorra de acordo com os princípios e a ética do mercado.
Desta forma, a organização se mostra confiável, transparente e segura, podendo, além de desenvolver de maneira sustentável suas operações, atrair investimentos. Particularmente, não vejo outro caminho para que uma cidade se destaque como cidade inteligente, a não ser a atração de novos negócios.
São quatro os fundamentos da governança: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade.
O primeiro dos fundamentos, a transparência, trata da maneira com que a operação, suas ações e resultados são expostos aos interessados. É indicado que seja mantido um canal efetivo e sólido, que garanta a comunicação de maneira clara e objetiva, gerando assim confiança para todos.
A equidade vem como segundo fundamento e seu objetivo é trazer todas as partes interessadas em um mesmo nível, tanto no que se refere aos direitos, quanto às responsabilidades, garantindo que todos possam cobrar e serem cobrados com o mesmo peso.
A prestação de contas (accountability) é mais um dos fundamentos e tem sua importância em destaque aqui, pois exige que seja adotada a transparência na demonstração das ações e tomadas de decisão pelos gestores, assim como toda a documentação e evidências necessárias nestes processos.
Por último e, não menos importante, a responsabilidade. Aqui destacamos o cuidado da organização em tratar temas como sustentabilidade, desenvolvimento econômico-social, novos negócios, expansão e projeções de futuro.
Em casos específicos, a contratação de uma auditoria independente poderá atestar, através do compliance, o nível de governança da organização, sua solidez e confiabilidade.
É comum vermos dúvidas entre governança e compliance, e a diferença está no fato que a governança é um sistema de gestão, que alinha as expectativas e metas da alta direção da organização com as regras do mercado, usando ferramentas que garantem uma operação transparente, ética e sustentável. Compliance é a principal ferramenta utilizada para verificar se todas as ações estão em conformidade com a legislação, ética e boas práticas do segmento onde atuam.
Implantar a governança não é tarefa fácil, mas é um passo importante a ser dado.
Jean Dunkl
@jeandunkl
CEO da CPD Consultoria, mentor em Gestão Estratégica de Negócios, gestor da Impera (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Franca) e do MKBZ Studio, voluntário da Singularity University