É fato que a pandemia acelerou a transformação digital das empresas num piscar de olhos. E, quando nos damos conta, estamos aqui pensando em como garantir a experiência e a qualidade dos atendimentos físicos nos canais digitais. Para viabilizar essa demanda, aqueles projetos de implantação da tecnologia e inovação, considerados no planejamento estratégico como de longo prazo, tornam-se imediatos.
Novamente, nos deparamos com termos diferentes, que podem ser de fácil entendimento para as novas gerações, os nativos digitais, mas nem tão fáceis assim para todas as outras gerações.
A aceleração digital é uma realidade, provocada pela aceitação da tecnologia e adoção de novas formas de interação, que mudaram os hábitos e o comportamento do consumidor. As empresas sentem a pressão desta mudança e precisam se adequar rapidamente e de forma permanente. Aderir à tecnologia não é mais opção, é diferencial competitivo.
Quando adotamos a inovação tecnológica e ferramentas digitais para melhorar ou substituir algum processo já existente, estamos falando de transformação digital. Pela subjetividade do termo, algumas ações parecem inovadoras, mas a verdadeira transformação só acontece se a inovação estiver no DNA da empresa.
A cultura organizacional precisa proporcionar um clima que permita a inovação, o questionamento e, aí sim, naturalmente surgem as propostas de inovação para o desenvolvimento estratégico, implantação de processos e adoção da tecnologia.
Na pesquisa global “CEO Outlook 2020”, realizada pela consultoria KPMG, 67% dos executivos afirmaram que a digitalização das operações teve avanços que colocaram os negócios anos à frente do que eles esperavam. Realizada no ano passado, em duas etapas, a pesquisa ouviu mais de dois mil CEOs de grandes economias mundiais, sul-americanos e brasileiros.
Em relação a investimentos, 53% dos CEOs brasileiros disseram que pretendem ampliar capital na compra de novas tecnologias e digitalização. Como eu sempre ressalto, esses dados reforçam a importância das empresas em revisar seus modelos de negócios para investir na tecnologia e na transformação digital assertiva, e na mesma velocidade.
Uma característica muito forte da transformação digital é seu potencial em gerar impacto na experiência do cliente e, por isso, essa remodelação deve ocorrer considerando o cliente um dos pilares principais. Não estamos mudando processos para atender as demandas da pandemia e, sim, para melhorar as operações que tiveram suas fragilidades evidenciadas neste momento, ou seja, a transformação é perene.
As mudanças mais populares são a migração para o trabalho remoto, reuniões virtuais e implantação de lojas on-line, gerando uma demanda de transações virtuais sem precedentes e, com isso, necessidades substanciais como infraestrutura de TI mais robusta, tanto no âmbito privado quanto no público.
Para a maioria dos CEOs (87%) que participaram da pesquisa, também houve aceleração na criação de uma nova força de trabalho, pois, na pandemia se tornou necessária a contratação de mais funcionários para lidar com sistemas de automação e inteligência artificial.
Unanimidade entre os CEOs brasileiros, a pesquisa revela a tendência da redução dos escritórios e a manutenção da equipe em home office. Para 94% deles, o uso de colaborações digitais e ferramentas de comunicação para o trabalho remoto vai continuar. Vale a pena destacar ainda, que 86% vão investir na ampliação do quadro de talentos em potencial.
São diversas as demandas “colaterais””, mas a redução da burocracia em todos os processos merece destaque. Desburocratizar é sinônimo de agilidade, respeito com o nosso recurso mais valioso, o tempo, e proporciona melhor experiência para todos os usuários. No setor público, criar processos tecnológicos e menos burocráticos será fator decisivo na retomada da economia pós-pandemia.
A aceleração digital impõe que as tomadas de decisão aconteçam de maneira mais dinâmica, não só na comunicação com o mercado, mas com todos os stakeholders (partes interessadas). Para que tudo flua na velocidade que o mercado imprime precisamos de menos burocracia e mais atitude!
Jean Dunkl
@jeandunkl
CEO da CPD Consultoria, mentor em Gestão Estratégica de Negócios, gestor da Impera (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Franca) e do MKBZ Studio, voluntário da Singularity University