Navegando pelas redes sociais outro dia, me deparei com um texto que defendia o desequilíbrio e o referia como atitude essencial a vida e que, o contrário, deixaria a vida morna e confortável demais.
Vejo a apologia ao desequilíbrio como uma massa crescente! Me ocorre que, atualmente, temos a obrigação de querermos ir contra aquilo que há tempos vem sendo pregado, percebo que agora é a vez do desequilíbrio.
Não julgo quem acredite que o desequilíbrio faça parte da vida, dessa afirmativa eu também concordo, pois, ao procurarmos o significado de equilíbrio no dicionário, logo temos a definição de inércia, movimentação nula, sem oscilações. Ora, se o sentido da vida é o movimento e a expansão, com certeza inerte é que não quero ser, portanto sou logo o oposto, o qual seja, o desequilíbrio.
Porém, peço que passemos a analisar o equilíbrio sobre uma outra ótica. Ao pensar em uma pessoa Admirável, logo me vem Jesus em mente e um versículo bíblico, Timoteo 4:5 onde diz “Tu, no entanto, sê equilibrado em tudo, suporta os sofrimentos, faze a obra de um evangelista e cumpre teu ministério”. O equilíbrio, portanto, permeia os ensinamentos de Jesus.
Analisando outro exemplo mais próximo e mais palpável, cito o nosso apetite. O corpo humano precisa de alimento, mas alimento na quantidade exata para sua subsistência, se houver de menos, o corpo padece e definha, se houver de mais o corpo entra em colapso gerando incontroláveis células de gorduras e inúmeras doenças.
São Francisco de Assis, largou tudo, sem roupa, seguiu seu destino, teria sido um desequilibrado? Ao contrário! Ao largar suas vestes e sua vida, ponderou entre a vida do homem médio, de curtição, ao qual tinha predileção, com a vida que lhe foi confiada o Espirito Santo.
Veja bem, ponderou! Ponderar equivale-se, nesse contexto ao equilibrar. Quem pondera equilibra-se entre duas situações, encontra o meio termo, escolhe um caminho, vive em conformidade.
O bom empresário, diante de uma possível falência, ele pondera, procura o equilíbrio, para, só então, tomar uma decisão. Aquele que sai metendo os pés pelas mãos, tido como “o desequilibrado”, não vai longe, pois não consegue lidar com as situações surpresas do dia a dia.
O equilíbrio não é ser morno, não é pensar demais, muito menos ser egoísta!
São Francisco pensou no próximo, e não nele, quando decidiu largar tudo. O empresário tem milésimos de segundos, às vezes, para tomar uma decisão que coloca em risco sua família e outras centenas.
Ser equilibrado muitas vezes eleva a frequência cardíaca muito mais do que sair por aí tomando atitudes impensadas, imaturas que colocam a vida em risco. O equilíbrio requer frieza e altruísmo.
É preciso ter coragem para querer viver uma vida em equilíbrio nos dias de hoje. Encontrar o meio termo, conseguir se desvencilhar das tentações, manter a cabeça e o corpo sãos. O desequilíbrio, por vezes, impede a vida, tal qual Sócrates, que visivelmente perturbado, tirou a sua própria.
Prefiro o equilíbrio de uma ancora, que se firma e vive anos a fio, do que o desequilíbrio de um balão que voa e em segundos se depara com um objeto pontiagudo que lhe rouba a vida.
Prefiro a maturidade das tomadas de decisões do que o amadorismo adolescente dos desequilibrados.
Rita Damasceno
Advogada especializada em Compliance,
Direito do Trabalho Empresarial e Direito Previdenciário.