A REPUTAÇÃO DAS EMPRESAS EM XEQUE COM A PANDEMIA

Muitas empresas no Brasil passaram a se ocupar em associar sua marca à confiança e credibilidade, o que consequentemente atrai um maior número de clientes, pois esse posicionamento se torna um diferencial diante de outras empresas que ainda não se preocupam com a questão.

O que muitos ainda não se deram conta é que, ao buscar adequar sua empresa às legislações que envolvem seu negócio e procurar agir com ética, respeito ao cliente, funcionários e colaboradores, além da responsabilidade social, estão implementando o Compliance, ainda que somente algumas de suas ferramentas. 

O termo Compliance, que significa “estar em conformidade”, teve o seu auge há bem pouco tempo, quando passou a se tornar conhecido do público em geral, e acessível a todos os formatos de empresas que desejam se posicionar de forma segura no mercado. As empresas que passaram a se alinhar com esse novo pensamento, acabaram adquirindo uma vantagem expressiva sobre as demais, pois o Compliance assegura a elas o chamado “benefício reputacional”.

Num primeiro momento, temos o Compliance voltado para as leis anticorrupção, que acabou por atingir um grande número de empresas que se viram envolvidas em escândalos.

Entretanto, o Compliance foi ampliando seus braços, e hoje já falamos de Compliance em vários segmentos da empresa, dentre eles o Compliance Trabalhista, o Compliance Consumerista e o Compliance Digital.

É importante estabelecer que, no olho do furacão, sempre estará a reputação como um dos fatores de preocupação das empresas que conseguem compreender essa importância no mercado. Lamentavelmente, alguns empresários ainda não acordaram para essa realidade, cuidando de seus negócios de uma forma amadora, tradicional, não desenvolvendo nenhuma habilidade que possa lhe diferenciar e trazer benefícios.

E O QUE TUDO ISSO TEM A VER COM A PANDEMIA?

O primeiro ponto que podemos lembrar é que o programa de Compliance tem o objetivo de estimular o comprometimento com a ética. Ética, de uma forma bem resumida, pode ser compreendida como o conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.

E o que estamos vivenciando com a pandemia? Um fortalecimento de valores dos setores da sociedade que conseguiram aderir às novas necessidades e recomendações das autoridades oficiais. Ainda há muito a ser mudado, mas já temos uma grande parcela da sociedade agindo em conformidade com as orientações.

Com isso, aumentou a fiscalização de empresas que não estão aderindo às regras provisórias estabelecidas para o combate ao coronavírus/COVID-19, o que fez surgir um novo estágio da reputação, em que empresas que não cumprem as regras, estão causando verdadeira repulsa na população, sendo denunciadas publicamente e gerando um status de “inimigas públicas”, o que, sem dúvidas, trará prejuízos irreparáveis, além dos já previstos com a paralisação das atividades.

As empresas que estão em desconformidade estão sendo citadas nominalmente nas redes sociais, o que vem gerando muita repercussão. Em contrapartida, empresas do mesmo segmento, que estão cumprindo as regulamentações, são imediatamente citadas como exemplo de correção e respeito, sendo aplaudidas por todos que repudiam as ações das empresas denunciadas, elevando assim, suas reputações perante o público.

Desta forma, os empresários que ainda não se atentaram para esse novo risco, devem se preparar para contabilizar mais um prejuízo: além de todos os danos provenientes da suspensão ou redução das atividades, terão que lidar com o afastamento da clientela, diante da má reputação que a empresa passará a carregar.

Esta é a nova realidade. Mudanças significativas estão acontecendo, e não há espaço para amadorismo, não há tempo para esperar acontecer. Desta vez, a ação preventiva deverá estar à frente da nova rotina das empresas, pois a economia se restabelecerá, mas uma reputação destruída, dificilmente conseguirá atingir o status anterior. Vale a pena negligenciar?

Rita Damasceno
Advogada especializada em Compliance,
Direito do Trabalho Empresarial e Direito Previdenciário.