Todos nós julgamos e somos julgados e, todo julgamento, é passível de erro, pois são pautados por pontos de vistas das pessoas envolvidas. Julgar é necessário, mas penso que o julgamento deve ter finalidade específica e ficar limitado dentro de um contexto bem definido uma vez que a verdade também pode mudar dependendo do momento. Julgar não é tarefa fácil como fazemos no cotidiano. O verdadeiro julgamento exige muita reflexão e desejo de fazer justiça. É necessário também prestar atenção nas emoções, pois elas, embora neguemos, influenciam de forma poderosa. Dúvida? Pense em uma situação em que você precisa julgar um fato! Agora veja como está o seu estado emocional! Se estiver alegre é bem possível que julgará com mais leveza, se estiver com raiva, o julgamento poderá ser mais duro, rígido. Se a pessoa é nossa amiga julgamos diferente dos nossos inimigos, tanto é assim que no Direito a amizade e inimizade gera suspeição do juiz e, portanto, ele não deve atuar no processo. Viver exige de cada um de nós reflexões e as reflexões impõem também avaliação, que são julgamentos. Não podemos ficar apenas no campo das hipóteses, da doxa, é necessário que das reflexões surjam condutas que gerem resultados positivos, que nos façam ter um up grade. O julgamento do outro sobre nós só pode ter relevância se a pessoa tiver importância e se puder contribuir com a nossa evolução, caso contrário, o julgamento maldoso, que destrói e que não é feito com respeito, deve ser liminarmente rejeitado, desprezado e ignorado. Penso que precisamos ter alguns valores que são inegociáveis que devem servir como bússola para nos guiar rumo aos objetivos, aos propósitos e metas. Desta forma quando formos julgados temos como parâmetros esses valores que nos ajudarão a dar ou não importância para o julgamento. Algo que também precisamos pensar no julgar é se colocar no lugar do outro, daquele que está sendo avaliado. A empatia também é um recurso muito útil, pois quando conseguimos fazer esse exercício de estar no lugar do outro, com os recursos que ele tinha, muitas vezes o nosso julgamento é modificado. Por fim, devemos evitar julgar os outros e analisar mais a nós mesmo. Saber quem somos, saber das nossas limitações, dos nossos acertos e erros, da nossa humanidade, nos permite ser pessoas mais felizes e menos preocupadas com os outros. Há grande sabedoria em conhecer a si mesmo. Há maior sabedoria em julgar com justa medida, com equidade e moderação, tudo sob a supervisão das emoções. Julguemos menos e ajamos mais. A atitude, a ação, supera o julgamento.
Acir de Matos Gomes
Advogado e vice-presidente da subseção da OAB-Franca