Em que pese a igualdade, reconhecida pela Constituição Federal, entre homens e mulheres, fato é que as mulheres, embora dotadas de todos os atributos legais, morais, éticos, econômicos, intelectuais, acadêmicos, etc., em vários segmentos ainda é baixa a sua representatividade. Na política a sub-representatividade se torna gritante. De acordo com a cartilha (+ mulheres na política. Mulher, Tome Partido!) a primeira deputada eleita para a Câmara dos Deputados foi Carlota Pereira de Queiroz (SP), em 1934. Antonieta de Barros foi a primeira deputada estadual negra na Assembleia de Santa Catarina (1935). A primeira senadora foi Eunice Michiles (AM), eleita suplente, tendo assumido o cargo em 1979, em vista da morte do titular. Já Laélia de Alcântara foi a primeira senadora negra da história e a terceira parlamentar, formando a bancada ao lado de Eunice Michiles, em 1981. Laélia, em sua rápida passagem pelo Senado, lutou contra o aborto e o racismo. Tivemos a primeira Presidenta Dilma Rousseff em 2011. Em que pese a existência de cotas para estimular e obrigar a candidatura da mulher o que vemos, com tristeza, é que muitas ainda são utilizadas apenas para “cumprir” as obrigações legais. O sistema político a cada dia se mostra mais perverso, ardiloso, perigoso, um jogo que não admite “amadores”. O sistema é dotado de mecanismos que praticamente “obriga” o eleito a aderir para sobreviver ou, recusar e morrer. Reformas políticas são necessária para efetivar a candidatura das mulheres e de outros segmentos considerados como “vulneráveis”. Acredito na frase de Bertolt Brecht: “Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la”. A realidade é que as mulheres precisam estar inseridas ativamente na política. Não podemos aceitar que as mulheres, com toda a importância que possuem, não participem com reais condições de igualdade no pleito eleitoral. As mudanças necessárias em nosso país e no mundo exigem a presença da mulher, do feminino. O poder não pode estar somente nas mãos dos homens, é necessário dividir para multiplicar. Dividir o poder para multiplicar as conquistas, as reflexões e o encontro das soluções para os problemas sociais. Vejo como correto o pensamento de Michelle Bachelet segundo o qual: “Quando uma mulher entra na política, muda a mulher. Quando várias entram, muda a política.” É o momento de várias mulheres estarem, juntamente com os homens, na política para mudar a política e não serem mudadas pela política. A oxigenação na política é necessária, pois novos ares, novos sonhos, novos métodos, novos olhares, novas perspectivas são necessidades imediatas e, acredito de modo muito particular, que a diversidade é uma fonte riquíssima de poder quando é bem utilizada. Acredito muito no jogo do ganha-ganha que a diversidade propõe. Para quem não acredita sugiro verem os números elevados que as empresas atingem quando passam a valorizar a diversidade e a adotam como política empresarial. Finalizo com uma frase para nossa reflexão da eterna, Cora Coralina: “Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos e ser otimista.”
Acir de Matos Gomes
Advogado e vice-presidente da subseção da OAB-Franca