Da resiliência à teimosia

Uma das características mais marcantes do brasileiro é o seu poder de adaptação, sua resiliência. Na física é a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica.

Por volta dos anos 80, o termo começou a ser utilizado também na psicologia, e representa o conjunto de habilidades que um indivíduo possui e que o permitem lidar com as adversidades da vida. Em bom português, significa o quanto somos capazes de nos adaptar a cenários adversos ou nos recuperar após algum contratempo.

No empreendedorismo é, sem dúvidas, um atributo de valor, sobretudo em mercados emergentes onde a resiliência dos empreendedores tem feito a diferença entre o sucesso e o fracasso, nas carreiras e nos negócios. Isso, devido à quantidade de recorrências que exigem demais do emocional, principalmente em momentos mais delicados, que demandam capacidade de enxergar oportunidades, ou seja, fazer do limão a limonada.

No entanto, ter ou não essa característica, não significa que você vai sobreviver ou fracassar no mercado. Isso porque apenas ser resiliente não garante nada. Neste ponto, preciso falar sobre a parábola do sapo, que foi jogado em uma panela de água e, conforme a temperatura subiu, ele se adaptou a cada grau até que de tão resiliente, morreu cozido. É preciso tratar os fatos com racionalidade e saber identificar a hora de agir.

Você pode ter resiliência na carreira e não ter em outras áreas da sua vida. É importante ainda, saber identificar o que é excesso de otimismo, zona de conforto, letargia e resiliência, pois fechar os olhos para a realidade não é um caminho. Em nosso cotidiano, vemos muitos “sapos” morrendo cozidos, por isso ressalto a importância de sabermos até onde ir, quando termina o seu poder de adaptação e começa a sua teimosia.

Mas na prática, como desenvolver a resiliência?

Aprenda com seus erros. Errar faz parte do processo de aprendizagem. A questão é como encarar os erros e sua capacidade de aprender com eles. Muito cuidado para não repetir os erros, mesmo em situações diferentes. Cultivar traumas e instinto de autopreservação podem te levar à temida zona de conforto. Errou? Avalie, aprenda e trace um novo plano.

Foco no seu objetivo. Pessoas com objetivos claros lidam mais tranquilamente com os obstáculos encontrados no caminho. Vale também dividir o objetivo maior em vários desafios e sempre comemorar cada pequena conquista.

Driblar a ansiedade é fundamental. E não há nada de errado em buscar ajuda de profissionais, caso esse seja um ponto de dificuldade para você. A grande maioria das pessoas bem-sucedidas praticam meditação, fazem terapia e buscam mentores para dividir o peso da rotina diária.

Embora a resiliência seja muito tratada no mundo corporativo, ela pode ser aplicada de maneira ampla em todas as áreas da vida para o nosso desenvolvimento pessoal. O importante é ter flexibilidade, autoconfiança, otimismo, persistência e criatividade para dar a volta por cima e seguir em frente!

Jean Dunkl

CEO da CPD Consultoria, consultor especialista em Gestão Estratégica de Negócios, gestor da Impera
(Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Franca)