As eleições se aproximam e com elas os políticos e as politicagem reaparecem. Todo ser humano é um ser político e isso é salutar. Todos devemos ser responsáveis pela sociedade que desejamos ter, mas, por força do modelo representativo que adotamos, concedemos, como cidadãos, mandato para que “políticos” nos representem e façam as melhores escolhas para a coletividade. Política é a arte de buscar e realizar o bem comum. Precisamos de uma sociedade que seja mais justa, inclusiva e igualitária e, para tanto, é necessário políticas públicas para que esse objetivo seja alcançado. A palavra política e político nos é apresentada como algo negativo, pejorativo, desprezível e esse efeito de sentido acaba por retirar da vida pública algumas pessoas honradas e éticas que não desejam vincular as suas imagens as dos políticos. É um grande erro pensar e agir desse modo, pois, desta forma, permitimos que alguns políticos se tornem “profissionais” e utilizem da política para fazer politicagem. Há uma imensa diferente entre política e politicagem. A primeira remete as estratégias bem pensadas para alcançar os interesses comuns da sociedade. A segunda remete as estratégias dos maus políticos que visam o benefício próprio ou de algum grupo específico. A politicagem está diretamente ligada a corrupção, a falta de caráter, de cidadania e civilidade. É inaceitável ver o índice de corrupção existente em nosso país. É inaceitável ver desvios de dinheiro da saúde, da educação, da assistência social para benefício próprio. A condenação por corrupção deveria banir da vida pública todo e qualquer político, pois o mau político destrói a sociedade, tal como um câncer destrói o ser humano. Uma das formas de se constatar a politicagem é por meio da análise do caráter do político e, uma conduta que me chama a atenção é a das pessoas inimigas, que falavam maus uma das outras, e agora, em nome da política, se tornam, num passe de mágica, os melhores amigos, fazem elogios e trocam afagos em público. Postam fotos juntos como se estivessem em busca do bem comum, mas esse bem comum e o “comum para eles” e não para a sociedade. Não podemos desconhecer a força do perdão; é realmente libertador, mas também não desprezemos a hipocrisia inerente ao ser humano sem caráter. Para mim, quando vejo essa conduta (de inimigo capital para amigo íntimo no contexto da política), por melhor que a pessoa do político possa ser, imediatamente, ela deixa de ter qualquer valor. Acredito que a pessoa que não tem caráter no trato consigo mesmo, jamais terá caráter na vida pública. Todos nos cometemos erros, mas os desvios de caráter, para mim, não são erros, mas são apenas reflexos de uma personalidade corrompida. Enfim… não podemos confundir política com politicagem. Não podemos votar, dar crédito para quem até pouco tempo atrás destilava ódio e agora passou a manifestar amor. O contexto político diz muito sobre os políticos, da mesma forma que as articulações políticas revelam os pactos realizados. Espero que cada um de nós, eleitores, prestemos atenção no contexto político em que vivemos e não escolhamos como representantes pessoas com desvio de caráter. A escolha é nossa. Temos os políticos que merecemos, mas isso pode ser mudado!
Acir de Matos Gomes
Advogado e vice-presidente da subseção da OAB-Franca