Algumas figuras que apreciei ainda em minha primeira infância tiveram o potencial de se manterem firmes nas minhas preferências. Exemplo clássico dessa simpatia foram, nas matinês no Cine São Vicente em Ibiraci, a figura do Zorro.
Aquele “mascarado” encantava nossa infância e muitas de nossas brincadeiras passava por imitá-lo. O mascarado justiceiro.
Aquele Zorro era acompanhado por seu inseparável amigo Índio. e seu lindo cavalo branco chamado Silver. Era uma fase fantástica pois os ensinamentos que vinham desse mascarado era o triunfo do bem e da Justiça.
O tempo passou e outras figuras foram aparecendo e, em cada uma delas, havia uma mensagem dirigida à estruturação em nossa mente de criança e ou adolescente, que o crime não compensava.
A figura singela do Zorro ganhou sofisticação, beleza, tornou-se um lendário sem perder o conteúdo moral.
Hoje em nossas ruas, praças, lojas, fábricas etc., um sem número de mascarados cruza conosco diariamente. Aquele mascarado dos filmes tinha o mister de esconder sua identidade. Agora, para fugirmos de uma situação de risco de contrair essa doença, usamos máscaras que nos protegem e, por certo, nada representam quanto a esconder nossas identificações pessoais.
Nunca me imaginei mascarado, embora naqueles doces tempos da meninice, era com entusiasmo que me fantasiava com a máscara símbolo do justiceiro.
O uso dessa proteção, no entanto, não elimina as máscaras com as quais muitos homens públicos escondem suas espertezas em nosso desfavor. Costumamos dizer que a “máscara caiu” quando nos referimos a certas figuras que se nos apresentaram como confiáveis e, depois de guindados aos cargos e ou lugares que buscavam, mostram suas garras.
Não usavam uma máscara física, era a máscara da encenação e da desfaçatez. Exemplos…??? meu Deus, quantos estão aí nas mentes de todos nós.
Uma das tristezas que o quadro atual de nossa vida comunitária nos trouxe é a impossibilidade de nossas visitas . Eu mesmo, sempre pratiquei a atenção de visitar amigos e, hoje, curto à distância deles, as lembranças dos bons papos, dos cafezinhos recheados de tantos sorrisos.
Outro lado triste desta nossa atual situação é o reforço desgastante de, sem ter o que fazer , ver nossos templos (de todos os credos), fechados, nossas celebrações coletivas, alegres, emocionantes, instrutivas e pacificadoras proibidas e nossas orações feitas apenas de forma individual. Que falta nos faz o sorriso do irmão ao lado e de seu fraterno abraço.
Até quando terei que me contentar em falar com meus preferidos amigos e também conselheiros, apenas pelo telefone, whatsapp, messenger…? Será que eles também sentem essa estranha sensação de incapacidade?
Esta semana passei várias vezes pela rua Distrito Federal. Por instantes parei e fiquei contemplando aquele prédio, aquele templo, a nossa querida “Capelinha”. Tudo fechado, silêncio total. Minha mente rebelou-se e fez uma viagem aos tempos que precederam 2020. Ví e sentí a alegria da “Festap”. Divaguei por outros locais e ví, até senti o sabor, do “pãozinho de Santo Antonio”. foram muitos os locais que minha saudade me levou e, como saudade só se tem do que foi bom, muito bom, demorei bastante tempo para retomar minha caminhada.
Esse vírus tem nos tirado tanto e por certo não deixará saudade nenhuma.
Muitos dizem que a humanidade será melhor quando essa pandemia terminar. Ouso pensar diferente. O estrago que já causou e está causando só deixará péssimas recordações, saudade nenhuma. E, sem dúvida, uma urgente necessidade de retomada de ações que, reponham os empregos perdidos, as empresas destruídas e a recuperação dos abraços fraternos dos quais tanto necessitamos.
Até quando eu não sei. Só sei que Deus nos indicará dias melhores…
Bom domingo
Sebastião Ananias
Agricultor e ex-secretário de Finanças da Prefeitura de Franca