Mateus 14,22-33 narra cenas envolvendo Jesus e os discípulos, após à partilha dos pães. Ele “mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar” (v. 22). A barca é símbolo da Igreja. O mar é lugar de missão, com suas possibilidades e esperanças, mas também desafios. A ordem do Senhor é uma alusão à necessidade da evangelização.
Jesus despediu as multidões e subiu ao monte para orar a sós, até à noite (v. 23). O monte, na Bíblia, é lugar de encontro com Deus. Jesus tinha uma profunda comunhão com o Pai, expressa na sua oração contínua. A sua oração está em sintonia com a missão de fazer a vontade do Pai.
A barca no mar, agitada pelas ondas e pelo vento, é uma alusão ao trabalho missionário, que encontra desafios e gera medo e dúvidas nos discípulos. Água, mar e vento são símbolos dos perigos e resistências ao projeto de Deus.
Jesus andando sobre o mar apresenta-se como o Senhor da situação: Ele tem o poder sobre as forças adversas. Sua presença sustenta a missão: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” Ele cura do medo e protege a vida dos discípulos em meio as dificuldades. É o Emanuel, o Deus conosco.
Pedro lembra a comunidade que ainda duvida e tem medo. É salvo por Jesus.
Esta cena no mar lembra a missão da Igreja e de cada um de nós. Todo trabalho missionário exige confiança, ardor e coragem. Mas os desafios da realidade provocam também dúvidas, medo, fadiga e dificuldades que agitam o barco do nosso coração. Somente o Senhor, que é amor e nos ama, dá plena garantia dessas palavras: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”
Ao ouvir estas palavras de Jesus, tomamos consciência que a nossa vida está em suas mãos. O trabalho é exigente, implica dificuldades, renúncias e desafios. Mas o que o Senhor exige não supera as possibilidades do ser humano. Ele estende a sua mão para nos salvar, nos consola, tranquiliza e encoraja e nos ajuda a fazer a travessia. A fé e a confiança na graça sustentam a vocação e o seguimento de Jesus Cristo. Com Ele, o jugo é suave e o peso é leve (Mt 11,30).
Que Deus abençoe nossos pais e suas famílias.
Dom paulo Roberto Beloto
Bispo de Franca