Mateus 13 é um discurso de Jesus em parábolas. Ele contava essas estórias para facilitar o entendimento e a compreensão da verdade que veio revelar.
As parábolas do tesouro escondido e da pérola de grande valor apresentam o Reino dos céus como o único bem (Mt 13,44-46). Por ele, vale a pena arriscar tudo. Quem o descobre é capaz de se desfazer do que tem, pois sabe que adquiriu algo maior, de valor incalculável.
O Reino é o conteúdo central da pregação e missão de Jesus: é a presença de Deus na vida dos seres humanos e tudo o que significa essa presença: amor, perdão, paz, justiça, vida e salvação. É a realização de todas as promessas, a comunicação plena e total do Deus vivo em Jesus Cristo.
Com a sua vida e missão, Jesus revelou que Deus é Pai e é o sujeito de tudo. Todas as coisas devem ser vistas com os olhos divinos e serem abordadas com o prisma da fé.
Com Jesus o Reino se aproximou e se encarnou na história humana: é a semente do amor do Pai plantada no campo da humanidade.
Na vida de Jesus, o Reino se revelou, e agora, na missão dos discípulos e da Igreja, acontece de geração em geração. Ele está presente na história, mas é transcendente e absoluto. Temos necessidades, mas nada substitui o Reino de Deus, nossa verdadeira felicidade. “És tu o meu Senhor, fora de ti não tenho bem algum” (Sl 16 (15,2).
O Reino é a presença do Espírito em nós. “Não sabeis que vosso corpo é santuário daquele que habita em vós, o Espírito Santo que recebestes de Deus?” (1 Cor 6,19).
Jesus falou da gratuidade do Reino, mas conta com a nossa colaboração. Que atitude devemos ter diante dessa revelação? Renunciar a tudo e acolher com decisão essa graça. A fé nos leva a receber os bens de Deus e a zelar por eles.
Na sequência do Evangelho, Mateus 13, 47-51 narra a parábola da rede lançada ao mar. Trata da escatologia, da últimas coisas. Deus é o juiz que irá separar os bons dos maus, aqueles que foram fiéis a sua palavra e os injustos. Essa comparação é um apelo para a perseverança no caminho do bem. O futuro orienta o que fazemos agora.
“Todo mestre da Lei que se torna discípulo do Reino dos céus é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas” (Mt 13,52). É preciso discernir da Lei a vontade de Deus, sabedoria que orienta e governa a nossa existência.
Dom Paulo Roberto Beloto
Bispo de Franca