Buscar uma justificativa para uma dessas opções, tabelamento ou preços livres, pode nos levar a conclusões surpreendentes.
Quando foi lançado em 1986 o Plano Cruzado, assistimos uma “cruzada nacional” por aproveitar os preços que o novo formato de nossa economia nos apresentava, através de compras muito além do racional, e das necessidades familiares, com a formação de absurdos estoques familiares.
Era uma amostra de como nossa população não está preparada para acreditar no governo e em suas propostas e ou decisões.
Merece registro neste momento o desolador conflito entre os membros dos Poderes da República e, como estes também estão despreparados para entender o que, de fato, interessa ao povo.
Não tardou muito para o desabastecimento mostrar que “nossa esperteza “ rapidamente faria ruir um projeto tão audacioso.
Fui, naquela oportunidade, nomeado pelo Ministro Dilson Domingos Funaro, delegado especial nos termos da Lei Delegada número 4., e pude ver que, além do despreparo de nossa gente, o programa trazia também a outra causa de seu fracasso… o congelamento.
Foram meses de grande reboliço em nossa nação. Considero que se não tivessem posto o congelamento o processo poderia ter tido um sucesso maior. Afirmo que o fracasso foi imposto também pelo congelamento… que impediu que novas tabelas fossem editadas com as implicações de disponibilidades e marcas de produtos.
Já tivemos no Brasil as tabelas de tantos produtos, principalmente dos combustíveis, cujos novos valores eram sempre anunciados na noite de sexta-feira. Sábado e domingo os postos nao abriam.
Os preços obedeciam a estudos das áreas econômicas e os atos dos Governos dos Generais poderiam desagradar, porém não possibilitavam abusos de quaisquer espécies.
Sou e sempre fui favorável ao sistema de “mercado livre” onde o preço ao consumidor demonstra a soma do custo da produção mais um “razoável “ lucro de revenda.
Escrevi este artigo em Ribeirão Preto e vi o preço do Etanol nos postos daquela cidade. O fato que chamou minha atenção é a diferença mínima entre os preços de Franca e de Ribeirão de R$-0,40 (quarenta centavos).
Parece pouco … mas… considerando que um caminhão tanque transporta, no mínimo 15.000 litros de combustível, cada viagem rende à transportadora um mínimo de R$-6.000,00 (seis mil reais)… ou então a margem de lucro dos postos de nossa querida terra das três colimas, está muito mais alto que a maior destas colinas… valha-nos Deus.’
Não advogo a tese do tabelamento e muito menos a do congelamento mas… ou alguém está ganhando pouco, os postos de Ribeirão (coitados..!!!)… ou as transportadoras e ou os postos de Franca faturando alto e, aos olhos de muitos que poderiam fornecer uma explicação razoável aos francanos sobre esta situação.
Observo que não fiz nenhuma pesquisa oficial de preços, tão somente anotei os valores dos painéis das bombas desse combustível, com o complemento de que há pouco mais de vinte dias a diferença mínima não era inferior a R$ -0,50 (cinquenta centavos).
Difícil concordar com trais disparidades..!!!
No sistema de preços livres ao consumidor presumo granjear maior clientela os que, em produtos iguais, oferecem também os menores preços.
Bom domingo
Sebastião Ananias
Agricultor e ex-secretário
de Finanças da Prefeitura de Franca