O Ministério da Saúde anunciou que crianças de 10 a 14 anos serão priorizadas para a vacinação contra a dengue diante do número limitado de doses. Eles devem começar a ser vacinados em fevereiro. A pasta também selecionou 521 municípios – de 16 Estados e
o Distrito Federal – que serão contemplados.
A faixa etária está dentro do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), dos 6 aos 16 anos, a escolha foi feita levando em consideração que, entre as crianças, o grupo de 10 a 14 anos concentra o maior número de hospitalizações. Entre janeiro de 2019 e novembro de 2023, foram 16,4 mil internações, com isso, ficando atrás dos idosos, grupo não abrangido pelo registro da vacina, segundo a Saúde.
A escolha das cidades seguiu os seguintes critérios: grande porte, mais de 100 mil habitantes, com alta transmissão de dengue entre 2023 e 2024; predominância do sorotipo 2 da dengue; e a definição das regiões de saúde. Brasil será primeiro país a programar vacinação contra a dengue no sistema público.
A tônica da fala das autoridades alerta, porém, que embora a vacinação ocorra ao longo do ano, os efeitos não serão sentidos no curto prazo, e destacaram que o foco do combate à doença neste ano serão ações combinadas, com controle do vetor, o mosquito Aedes Aegypti, e conscientização sobre a eliminação dos criadouros dele. A vacinação contra a dengue é uma novidade auspiciosa que reforçou a qualidade e segurança do imunizante da Takeda, indústria responsável pela Qdenga, mas vai ser um instrumento cujo impacto não vamos ver agora no curto prazo.
Foi reforçada também a preocupação com o cenário epidemiológico deste ano. Só nas três primeiras semanas epidemiológicas,
mais de 120 mil casos prováveis foram registrados antes dos 44 mil da mesma época do ano passado. Já a partir de outubro (do ano passado) a linha de casos está acima do canal endêmico e nas primeiras semanas de janeiro, já se observa um aumento substantivo do número de casos.
Vamos sentir o efeito da vacina daqui a dois anos. O manejo diário tem que continuar. Não se pode abrir mão das outras estratégias, e, mesmo as pessoas que são vacinadas, não podem abrir mão dos cuidados individuais e nos cuidados do seu domicílio. Neste ano, 12 óbitos por dengue foram registrados. Em 2023, foram 26. Alda atribuiu a queda da letalidade ao preparo das equipes de saúde para manejar os casos.
Pela primeira vez em muito tempo, os quatro sorotipos do vírus causador da doença (1, 2, 3 e 4) circulam no País e o El Niño eleva as temperaturas, criando um clima ideal para o mosquito vetor, o Aedes Aegypti, se reproduzir cada vez mais. Atualmente, o tipo 1 prevalece, mas as autoridades se preocupam com a expansão do 2.
Destaque que 2023 é o segundo ano com maior número de casos prováveis da doença desde 2000, perdendo – por pouco – para 2015. Isso foi puxado por um inédito avanço expressivo da dengue na Região Sul do País, onde historicamente o mosquito não triunfava.