Sem mostrar solução e de costas para as tradições e o patrimônio memorial de Franca, o enorme prédio que ocupa uma quadra ao lado da Catedral é considerado um dos pontos mais nobres da cidade (a caminho dos 200 anos!), vive um descaso e total abandono como se fosse algo a demolir, ou deixar ruir com o passar do tempo. Cabe à prefeitura, câmara de vereadores, instituto de defesa do
patrimônio histórico e até entidades, empresas e construtoras, encontrar uma salvação o quanto antes.
A direção estadual da UNESP que é detentora do imóvel por ter instalado ali a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e letras nos anos 60 do século passado e serviu também de acolhida a outros cursos de História, Serviço Social, Direito e Relações Internacionais, não se empenha na recuperação e prefere jogar para a comunidade a solução que demora vários anos, desde que a universidade ganhou uma nova área no Jardim Petraglia, onde construiu um campus e, literalmente, abandonou a área central.
Resistindo ao tempo, houve a intervenção com recursos estaduais por vontade do ex-deputado Roberto Engler, com verba para reformar a capela e ali dar esperança de que o prédio enfim seria restaurado. O prefeito de agora, segundo a universidade, foi procurado, mas não demonstra interesse nem caminho de buscar recursos, apoios e meios de promover a limpeza interna e externa, reformar o que for necessário até a retomada do uso – como chegou a servir de instalação para órgãos estaduais.
Cogitou-se procurar acordo entre o Estado e a União para instalar a delegacia da Polícia Federal, outra ‘novela’ de memoriais, correspondências e as mensagens inócuas, por intercessão de entidade de defesa da cidadania, já que os políticos e/ou
‘gestores’ de inépcia reconhecida, sequer procuram uma solução prática definitiva.
A Diocese de Franca chegou a avaliar, em outros tempos quando era bispo Dom Caetano Ferrari, a possibilidade de ter ali um núcleo de ações e estudos religiosos, para recuperação de pessoas em situação de rua e, até um seminário para se tornar ‘universidade católica’ mais tarde, alinhando os núcleos das instituições agostinianas, das freiras de São José (antigas donas do prédio) e do Colégio Jesus Maria José, mas não alcançou interesse nem repercutiu nas lideranças.
O grupo Santa Casa talvez pudesse assumir o prédio, mas dependerá de verbas para a recuperação, o que devolve o problema aos gestores políticos locais e do Estado… Mais um período vai terminar, a não serem cobranças que fazemos aqui com o intuito de alertar a quem possa e deva solucionar: nada de concreto aparece, só se vê embromação e bravatas do terceiro escalão da UNESP, silêncio fúnebre do prefeito e nenhuma atitude de outras áreas. Franca precisa defender seu patrimônio histórico.
Até quando? O exemplo recente da queda do teto no antigo ginásio esportivo do Clube dos Bagres ‘tombado’ e abandonado, é um alerta e um pesadelo para se imaginar que podemos ter uma nova tragédia anunciada. Agradando ou não a UNESP, iremos continuar a cobrar solução que vá além de cartas, ofícios ou respostas ‘acadêmicas’.