Os últimos dias puseram os francanos numa prova de amor à cidade e orgulho do que já se alcançou no basquetebol masculino brasileiro, desencadeada pela infeliz colocação do ex-jogador Oscar Schmidt, aposentado, mas ainda buscando ser lembrado para
manter palestras e promoções de produtos dentro e fora do esporte. Num podcast com outro ex-atleta e hoje médico Marcel Ramon Ponikwar de Souza, o outrora chamado “Mão Santa” pelos arremessos certeiros, Oscar disse que Franca é uma cidade “de merda” (sic).
De graça não foi o magoado xingamento à comunidade: isso nasceu ainda no começo de sua carreira quando foi trazido de Brasília para São Paulo, que se iniciou no time do Palmeiras, antes de jogar noutras equipes e depois na Seleção e nos Estados Unidos. Antes, ele poderia ter jogado em Franca, era seu sonho por um bom salário e oportunidade de estar numa equipe de ponta na
época, que iria ao mundial interclube na Itália. Por pouco não veio, mas queria vir e teve entendimentos, não dando certo, a frustração e a decepção podem ter marcado em sua vida.
Esses fatos são de conhecimento restrito entre antigos dirigentes do basquetebol paulista, a maioria já falecida, mas ainda tem ex-integrantes do clube ADC Amazonas Franca, que adotou a equipe com apoio total da empresa de componentes, a Amazonas. Tal fato foi mais tarde se lamentando porque a equipe poderia ter sido campeã mundial, e ficou com o vice-campeonato, pois na época Oscar estava em ascensão e tinha sua pontaria de ‘mão santa’ nos arremessos de longa distância, sendo um craque mundialmente reconhecido em seguida.
Mais tarde, num episódio ocorrido na convenção de um grande banco na capital, na palestra de encerramento Oscar foi questionado se na seleção dos melhores que apontou como opinião própria, teria esquecido do Hélio Rubens, indagou um francano. Ele, de
pronto, arrematou: “Hélio Rubens jamais jogaria na minha seleção”!!
Oscar expôs o que seria a motivação de sua não ida à Itália (como convidado), pois aquela equipe reunia 12 excelentes atletas locais e, ainda, contava com os reforços extras de Ubiratan Maciel (pivô cedido pelo Palmeiras) e outro pivô, Marquinhos Abdalla Leite (então no E. C. Sírio) e, ainda sendo Oscar um ‘ala-pivô’, ele viria concorrer com Robertão, Carlão, Aguirre e o Zé Geraldo, que no Palmeiras estava em acertos para se transferir em definitivo a Franca.
Considerado jogador individualista nos times e seleções universitária e olímpica, já na Seleção principal, Oscar tinha concorrência de Marcel, Carioquinha, Dodi além dos experientes Hélio Rubens, Mosquito, Gilson e Fausto. Aqui Guerrinha despontava como ‘prata da casa’, os irmãos Totô e Fran Sérgio, Ivan e Alberto Carraro, foram prestigiados e mantidos no grupo francano do Mundial.
Do técnico Pedroca e dirigentes como Nagib ‘Lito’ Aidar e Juquinha Vilhena, Oscar não obteve apoio para se integrar, mesmo com um pré acordo de valores e prazo do empréstimo, entre a ADC Amazonas Franca e o diretor do Palmeiras, Oswaldo Langanke, e as
‘bênçãos’ de Adolpho Tormin e Osvaldo Caviglia da Federação Paulista de Basketball. A oportunidade passou, Oscar não veio a Franca. O destempero da entrevista sugere não se esquecer o fato de guardar mágoa até agora…
Depois pediu desculpas, mas machucou a comunidade local e regional, ganhou espaço nacional e, certamente, há que considerar suas emoções, os problemas recentes de saúde e as frustrações na política, quando quis se eleger Senador por São Paulo.
Relaxa e descansa Oscar. Vamos relevar seu comentário, nosso basquete e a nossa cidade são maiores que sua dor. Deus o proteja, ilumine e acalme o seu coração. Franca inteira é feliz, digna do inédito título mundial, e você quase teve a alegria de ser ‘dos nossos’!