O Jornal Verdade trouxe na segunda-feira (13), o caso da criança de dois anos que inseriu uma pilha no nariz no último final de semana. Nesta terça-feira (14), A Santa Casa de Franca, que foi alvo de reclamações da família, enviou uma nota na qual destaca que agiu seguindo orientações médicas.
A Santa Casa de Franca é um hospital terciário que atende pacientes de média e alta complexidade do DRS-VIII. Conta com equipe de vários médicos especialistas para atender a essa demanda. E conforme Resolução do Conselho Federal de Medicina, alguns especialistas permanecem em plantão presencial e outros “à distância”.
Os casos são avaliados pelo médico generalista (pediatra ou clínico geral) de plantão presencial que definem a gravidade da situação e, se pertinente, entram em contato com os especialistas de plantão “à distância” para definição da conduta a ser tomada. Nesse caso específico, a criança estava no Pronto Socorro Municipal com história de ter introduzido objeto na narina, porém sem nenhum fator de gravidade na história clínica e/ou exame físico pelo que constava na Ficha de Regulação da CROSS (que é quem faz a regulação entre os setores primário, secundário e terciário no estado de São Paulo).
Vale lembrar que recebemos essa solicitação de avaliação via CROSS por volta das 17h30 do dia 11/12/21. Às 17h34 a ficha foi respondida pela especialista de plantão “à distância”, e como não se tratava de um caso de emergência e/ou urgência, foi orientado que a criança fosse à Santa Casa de Franca no dia 12/12/21 às 9h da manhã para o procedimento de retirada do corpo estranho da narina, como consta a seguir no relatório feito pela médica especialista a pedido da própria Santa Casa de Franca para averiguação do caso ocorrido:
“Recebi a regulação vinda da CROSS às 17h31, que constava que uma criança estável, eupneica (ou seja, respirando normalmente), saturando 99% em ar ambiente apresentava corpo estranho – bolinha – na narina esquerda. Respondi às 17h34 que devido ao quadro de estabilidade da mesma, que o procedimento iria ser realizado no PMP (Plantão Médico Permanente) no dia seguinte às 9h da manhã.”
Porém, o SAMU, por conta própria, resolveu levar a criança de “vaga 0” (contrário aos fluxos e protocolos médicos embasados na literatura mundial) até a Santa Casa de Franca. Mesmo assim, CONTRA o que havia sido acordado de conduta, a médica especialista optou por ir naquele momento para resolução do caso como exposto no relatório da mesma: –
“Recebo a ligação da pediatra que estava de plantão presencial na Santa Casa de Franca relatando que a criança chegou acompanhada da mãe de SAMU com vaga zero (tipo de entrada em um serviço quando é uma emergência e não há vagas disponíveis). Ainda que não houvesse mudança no quadro da criança (pois segundo a pediatra, a mesma se encontrava em completa estabilidade) fui até a Santa Casa para realizar o atendimento.”
No atendimento prestado foi visto que o corpo estranho na narina da criança se tratava de uma “bateria”, a qual foi retirada e constatado o que já era sabido que não havia e não teve nenhuma sequela às vias respiratórias da criança em questão. Segundo a própria Sociedade Brasileira de Pediatria em seu caderno para recomendações de “Corpos Estranhos nas Vias Aéreas”, corpos estranhos do tipo baterias demorariam dias ou semanas para causar lesões graves quando alocadas nas narinas, mostrando assim que a conduta de nossa especialista estava em conformidade com os protocolos atuais seguidos por uma das instituições mais respeitadas no atendimento à crianças no Brasil e no mundo.
Por fim, vale salientar a recomendação de que os pais devem ter atenção total às crianças para evitar acidentes domésticos como esse ou até mais graves, recomendação essa reforçada pela nossa médica especialista: “O que fica de alerta para todos é que as crianças devem ficar sob supervisão contínua de adultos e que objetos como esses não devem estar disponíveis em locais onde há crianças.” A Santa Casa de Franca relembra que é uma instituição de 124 anos que nunca deixou de prestar assistência de qualidade à população de Franca e região, inclusive mesmo quando não teve apoio dos parceiros que financiam ou fazem parte da estrutura em rede de atenção à saúde.
No sábado o pequeno Davi Lucas de 2 anos estava em casa junto com a avó, no Santa Terezinha na zona norte da cidade. Após inserir a pilha no nariz, eles buscaram socorro no P.S. Infantil, onde foi realizada uma tentativa de retirada do objeto, mas sem sucesso eles pediram transferência para a Santa Casa.
A mãe contou que foi informada de que a vaga sairia apenas no domingo, às 9h. Ela foi até o prédio do hospital onde após insistir conseguiu que o objeto fosse retirado no mesmo dia.
Ela reclamou do atendimento prestado pelo hospital e também pelo Pronto Socorro Infantil, já que o filho recebeu alta do local mesmo com o objeto ainda alojado na narina.