Voltar à rotina depois de quatro dias pulando e/ou sambando, dos bloquinhos à avenida, pode não ser um bicho de sete cabeças. Como vai ser esse retorno para o dia a dia vai depender da forma que o folião aproveitou os dias de uma das festas mais populares do país.
“O Carnaval não é um período tão longo, quase não há perda de performance por ficar quatro ou cinco dias parados”, explica Renata Castro, especialista em clínica médica, medicina esportiva e com pós-doutorado em cardiologia pela Universidade Harvard.
“Mas existe o estresse, dependendo de como passou esses dias, dormiu pouco, se alimentou mal, ingeriu bebida alcoólica. Isso estressa mais o organismo”, complementa.
Para voltar aos treinos de corrida, a médica destaca que é preciso primeiro ter feito o dever de casa durante a folia. “No período quente como o Carnaval, a hidratação é essencial. Quem bebe, precisa mais ainda, mas de qualquer forma é preciso ter se hidratado bem”, diz Renata.
“A questão solar também é muito importante, ainda mais com a força dos blocos de rua. As pessoas vão pro bloco de manha cedo, não aplicam ou esquecem de reaplicar e ficam com lesões que atrapalham o treino porque precisa colocar a roupa em cima da pele inflamada machucada.”
Se ao pular o Carnaval essas precauções foram tomadas, o corredor precisará de um curto período de recuperação.
“O treino regenerativo é de um, dois dias, e já dá para voltar para planilha normal. Noite sem dormir, muito estresse físico, bloco, bebida alcoólica, isso tudo demanda paro corpo regenerar. Quanto mais saudável for o Carnaval menor é essa necessidade de recuperação”, diz a médica.
Esse tipo de treino fica na intensidade moderada, o que pode ser medido tanto por medidores cardíacos usados por corredores como pela sensação de esforço.
Para quem usa o frequencímetro, há zonas diferentes estipuladas automaticamente com parâmetros de idade, sexo, peso e altura. São cinco zonas no total e, quanto menor a frequência, menor a zona. O treino regenerativo é aquele que fica na zona dois.
Já a sensação de esforço é subjetiva e vai de 0 a 10. Nesse caso, a recuperação fica na intensidade cinco, no máximo seis. Renata destaca que a duração do treino pode até ser mais longa, mas precisa ser de baixa intensidade. “É mais para dar uma soltada, ir voltando, não é ganho de performance, tiros, treinos de alta intensidade, em que se fica muito ofegante.”
Há ainda quem talvez tenha conseguido manter os treinos. Afinal, a folia também pode estar em percorrer alguns quilômetros no asfalto.