Por Maysa Kaluf
A Páscoa é tradicionalmente associada a símbolos como ovos de chocolate e coelhos. Porém, ano após ano, muitos filhotes de coelhos são comprados como “presentes” para crianças, impulsionados pela aparência fofa e a simbologia da data. O problema é o que acontece depois: boa parte desses animais é abandonada quando cresce ou quando a família percebe que ele exige cuidados contínuos, atenção e responsabilidade.
É preciso dizer com todas as letras: animal não é brinquedo.
Assim como cães e gatos, coelhos são seres sencientes — ou seja, capazes de sentir dor, medo, alegria e sofrimento. Eles precisam de alimentação adequada, espaço seguro, enriquecimento ambiental, acompanhamento veterinário e muito mais. Não são silenciosos bibelôs, nem enfeites de feriado. E jamais devem ser usados como forma de entretenimento infantil ou presentes-surpresa.
O abandono de coelhos, infelizmente, tem crescido após as comemorações da Páscoa. Muitos são largados em praças, terrenos baldios ou até mesmo nas ruas, onde estão completamente vulneráveis. Coelhos domésticos não têm instinto de sobrevivência para viver soltos. Eles morrem de fome, sede, atropelamento, ou caem nas mãos de predadores.
Importante lembrar que abandonar animal é crime, conforme o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98).
Educar é a melhor forma de prevenir. Por isso, nesta Páscoa, se quiser presentear uma criança, escolha um brinquedo de pelúcia, um livro, algo simbólico. Mas não ofereça uma vida como se fosse um objeto descartável.
Adotar um animal exige consciência, planejamento e compromisso de longo prazo. Animais vivem muitos anos e dependem de nós. Que tal transformar a Páscoa em um momento de reflexão, ensinando às crianças o respeito aos animais e a importância do cuidado com a vida?
Nesta e em todas as épocas do ano, lembre-se: animal não é presente. Animal é responsabilidade.