De sexta a domingo (02, 03 e 04/08), às 20h, acontece no IPRA, no bairro Estação, as apresentações gratuitas do espetáculo Expurgo. O espetáculo é uma realização da Cia. Antares, companhia de teatro sediada em Franca, através do edital Paulo Gustavo do Ministério da Cultura, Governo Federal, FEAC e Prefeitura de Franca.
Expurgo é criado a partir da peça “O Abajur Lilás”, clássico da dramaturgia brasileira do autor Plínio Marcos, e de dois contos do escritor, também brasileiro, Marcelino Freire. A idealização, direção e produção do espetáculo é do diretor Mauro Júnior. No elenco estão Danilo Sander, Pâmela Oliveira e Thais Ribeiro. Completa a equipe o assistente de direção José Eduardo Adami.
Após sete meses de ensaios, numa pesquisa de linguagem sobre a intepretação naturalista, buscando uma encenação crua e minimalista, nem sempre realista, com atravessamento da linguagem épica, o espetáculo é uma obra que prioriza a palavra e o trabalho dos atores.
O universo de Expurgo gira em torno de três personagens: Giro, o dono sem escrúpulos do prostíbulo; Dilma, a prostituta moderada e mãe sem filho, e Célia, a prostituta atrevida e desaforada que não teme o autoritarismo de Giro. Relações já conflituosas na peça de Plínio Marcos que aludem à época do regime da ditadura no Brasil ganham mais intensidade e vigor para uma explosão em alta voltagem nesta versão. “Trabalhamos muito para atingir um registro de interpretação que fosse ao mesmo tempo naturalista, intimista e visceral, num jogo de tensão contínuo, ininterrupto e crescente que arrebate o público. Torturador, torturadas e o público como cúmplices.”, diz o idealizador do projeto e diretor do espetáculo, Mauro Júnior.
O espetáculo imbrica também outro autor de tamanha envergadura como a de Plínio Marcos: Marcelino Freire, escritor pernambucano, radicado em São Paulo. A escrita de Marcelino, tal qual a de Plínio, revela personagens marginalizadas, transgressivas, sempre no extremo dos acontecimentos, no fio da navalha. Ambos são conhecidos por uma abordagem visceral, crua e honesta, que mostra a realidade e as peculiaridades de um mundo pouco estimado por quem ocupa a camada mais privilegiada de nossa sociedade. Trazer à cena seus contos é a possibilidade de dialogar com a obra de Plínio, seu “O Abajur Lilás”,
para fazer expelir dramas humanos, personagens à margem e em situações limite. Os contos de Marcelino são pensados aqui como o avesso das personagens Dilma e Célia, redimensionando suas profundezas, seus mistérios, suas dores, forças e sonhos.
Mas ao final, somos tomados por uma perplexidade, pela crueza ao perceber que nesta realidade, onde estes personagens lutam para sobreviver, nem sempre há finais felizes.
SERVIÇO
Datas: 02 (sexta), 03 (sábado) e 04 (domingo)
Horário: 20h
Local: IPRA (R. Diogo Feijó, 1956, Estação, Franca)
Convites: Gratuito (Chegar com 1h de antecedência para garantir o
convite – 70 lugares)
Classificação indicativa: 16 anos (violência e linguagem imprópria)