Neste sábado, 9 de março, a “Cão que Mia” realiza o evento “Pedágio”, unido à Feirinha de Adoção, das 09h30 às 12h30, em frente à Padaria Estrela (no cruzamento das Avenidas Major Nicácio e Presidente Vargas). A organização se trata de um projeto voluntário que a protetora Maria Luisa faz na cidade de Franca em prol dos animais em situação de rua. A Isa, como é chamada, já faz isso há 40 anos e há 25 anos que ela deu nome a essa luta.
De acordo com Sabrina, antigamente, fazia-se muitos “pedágios” no cruzamento das ruas em que o evento será realizado, mas, desde a pandemia, isso parou. As feiras de adoção foram canceladas e precisaram se reestruturar para doar os bichinhos. Tudo era feito online, com entrevistas, depois visitava-se o lar. A protetora Isa passa por uma dificuldade muito grande para manter o projeto. “Esses animais não podem ficar sem alimentação, esses animais não podem ficar sem atendimento veterinário se necessário, sem a medicação diária. E infelizmente as ajudas que chegam são muito pequenas e muito poucas, perto do que é preciso”.
Estarão presentes 25 voluntários uniformizados para conversar com o pessoal e pedir ajuda ao projeto. “Nós temos aí uma página no Instagram, @cãoquimiafranca. É a única página oficial da Cão que Mia e o objetivo da página ali é mostrarmos às pessoas a dificuldade diária, mostrar para as pessoas a necessidade de ajuda, enfim. É uma página que tem o objetivo de angariar ajudas para que ela continue atuando. Por quê? A Isa é sozinha, ela hoje mantém 300 animais resgatados numa chácara. Toda essa estrutura que tem lá na chácara é bastante adequada e propícia para os animais. Eles são separados em baias que tem área para sol, para brincar, para correr, área coberta para proteção de frio, de chuva, de sol, pra dormir. A Isa cuida disso tudo sozinha. A única ajuda direta que a Isa tem sou eu, faço ali a rede social pra ela, com o objetivo de angariar ajudas. Cuidar de 300 animais é um desafio diário, porque a gente fala muito que a causa animal é uma causa que ela comove as pessoas”, afirma Sabrina, professora e voluntária na causa.
Necessidades
É importante salientar que este projeto social não é uma ONG, não tem ajuda do poder público e nem ao menos uma equipe. Os animais consomem mais de 100 quilos de ração por dia, ou seja, são mais de três toneladas de ração por mês e, os gastos, não são apenas estes. “Existe a manutenção do local. O que significa manutenção do local? Poda de grama, pulverização contra pulga e carrapato tem que ser feita todo mês. Fossas de esgoto que tem que ser esvaziadas com frequência, principalmente nessa época de chuva. Lá, todo o esgoto da chácara já é preparado para as baias, para a estrutura onde os animais estão e essas fossas devem ser esvaziadas, isso é um trabalho pago e não é barato”, relata Sabrina.
A limpeza diária e o trato dos animais é feito apenas por Maria Luisa. Sabrina explica que desses 300 animais, 90% deles são não adotáveis: “todos os animais que estão no abrigo hoje cruzaram o caminho da Isa em situação de morte, ou gravemente feridos ou gravemente doentes. A Isa resgatou, tratou, estabilizou e estão com ela até hoje! E por que são não adotáveis? Porque são idosos ou porque têm alguma comorbidade: são cardíacos, são cegos, tem os diabéticos, os epiléticos, tem vários idosinhos em tratamento com linfoma. A gente teve uma que teve AVC essa semana. Enfim, eles vão ficando idosos, a exemplo de nós seres humanos, eles também acabam tendo vários problemas de saúde que precisam ser tratados”, discorre a voluntária.
A maioria desses animais, portanto, tomam remédio diariamente e precisam de retorno ao veterinário, repetição de exames, acompanhamento especial, entre outras coisas que geram custo. “Há alguns anos ela [Maria Luisa] me pediu ajuda, né? Eu sou professora há 25 anos, dou aula de inglês e sou uma apaixonada pela causa animal, sempre fui. Sou parente do marido dela e há alguns anos ela me pediu para que ajudasse ela com a rede social, porque ela estava com medo de não conseguir mais, estava passando por muitas dificuldades e desde então eu a ajudo, amadoramente faço a rede social, com muito carinho, com muita dedicação, acompanho diariamente tudo que ela vive, os problemas, o que eu preciso expor, o que eu devo colocar, que ajuda que deve pedir, o resgate que está acontecendo, o resgate que deveria acontecer e não aconteceu por falta de ajuda. Então, esse é o meu papel ali”, descreve a professora.
Ajudar é preciso!
“Você vê 3 toneladas de ração por mês: é uma fortuna! E isso passa de 15 mil reais por mês. Procedimento veterinário também é muito caro, né? Uma cirurgia ortopédica chega a custar 5,6 mil reais. Fora todos os exames envolvidos, consulta com especialista, internação, medicação. Então, tudo custa muito caro. E a gente, sem a ajuda das pessoas, não consegue continuar”, elucida a professora Sabrina. Segundo ela, não existe exatamente uma meta de arrecadação, o que elas esperam é conseguir quitar ao menos um pouco da dívida: “a Isa tá com uma dívida muito grande em duas clínicas e na casa de ração. Isso tem ameaçado a continuidade da luta da Isa, minha também, que estou ali doada na causa animal. A gente espera conseguir uma ajuda suficiente para quitar parte dessa dívida aí que chega a quase 15 mil reais, tá? Nós também vamos realizar uma feirinha de adoção no local”.