Um Banquete Para O Artista Da Fome é uma peça-concerto escrita e dirigida por Mauro Júnior, com a atriz Eneida Nalini, direção musical e música ao vivo por Ruy Cunha. O projeto é realizado com recursos financeiros do edital Bolsa Cultura da FEAC – Fundação Esporte, Arte e Cultura e da Prefeitura Municipal de Franca. A realização é da Cia. Antares, companhia de teatro sediada em
Franca.
Nos próximos dias 10, 11 e 12 de novembro, com duas sessões por dia, às 19h e 21h, o IPRA – Instituto Práxis de Educação e Cultura, no bairro Estação, será transformado em um cabaré, com muita música e humor cortante. “Nos inspiramos na estética dos cabarés. Mas longe dos cabarés europeus, com muita pompa, sofisticados. Nosso cabaré é decadente, tem alma brasileira. Reflete diretamente o sucateamento que a nossa cultura, os artistas, vivem diariamente.”, diz Mauro Júnior, autor e diretor da montagem.
Um Banquete Para O Artista da Fome é uma reação ao conto “Um Artista da Fome”, de Franz Kafka, com canções de Carlos Careqa. A pesquisa de linguagem é a estética do grotesco, do Teatro Épico e do cabaré para refletir a relevância da arte e do artista no mundo contemporâneo.
Qual a importância da arte em nossas vidas? Quanto vale um artista? Essa é a discussão que propomos com a peça-concerto, debochada, irônica e grotesca. De um lado essa imprescindibilidade, trovada por tantos poetas e filósofos, da arte em nossa existência. Do outro, sua total irrelevância, sua insignificância para muitos.
O que move então um artista a persistir, a resistir, diante de tantas investidas contra a sua profissão, a sua existência? Foi então que nos lembramos do conto de Kafka, suas indagações ácidas, das suas pistas deixadas para uma releitura em tempos onde temos que defender o óbvio. O que nos interessa no conto de Kafka é seu personagem, o “animal artista”, desertor de um mundo de
frivolidades e de aparências, sobrevivendo num deserto alegórico, em nossa versão, onde o número de seguidores nas redes sociais determina o “casting” ou facilita o “job”. Ainda mais ser e existir artista no interior do Brasil: nossa realidade.
Partindo de uma estrutura narrativa não linear, e sempre com espaço para improvisações a partir do contato com o público, o espetáculo tem caráter episódico, fragmentado, distanciando de certo tom solene do drama, atribuindo humor e crítica, ingredientes da estética dos cabarés de Karl Valentin e Bertolt Brecht. É de Carlos Careqa também que vem o estímulo para uma estética de
cabaré no espetáculo. Há um álbum de Careqa, “Alma Boa de Lugar Nenhum”, notadamente influenciado pelas canções de Brecht (com Kurt Weill e Hanns Eisle). As canções de Careqa, cantadas ao vivo, permeiam o espetáculo, transformando-o em uma peça-concerto. Careqa, “alinhado com uma tradição alternativa (maldita?) da MPB”, em suas canções, nos instiga com sua ironia,
contundência e humor para essa montagem.
Para o autor do texto e diretor do espetáculo, Mauro Júnior, “estar no interior de São Paulo, no interior do Brasil, ser artista e produzir arte, nos impele esse desejo, de refletir sobre as questões que Kafka nos inspira em seu conto. Usamos da sátira, do deboche, das músicas, da estética do cabaré brechtiano para refletir sobre nossa profissão, sobre ser artista numa cidade onde só o basquete importa, onde se constroem mais quadras esportivas do que centros culturais, bibliotecas e teatros”, dispara.
FICHA TÉCNICA
Criação, dramaturgia, direção, cenografia, iluminação, trilha sonora pesquisada,
caracterização e produção: Mauro Júnior
Atuação: Eneida Nalini
Músico: Ruy Cunha
Canções: Carlos Careqa
Intertextualidade: Itamar Assumpção, Paulo Leminski, Bertolt Brecht, Antonin
Artaud, Ferreira Gullar e Karl Valentin
Fotos e vídeos: Gustavo Francisco
Arte gráfica: Gabriela da Mata
Realização: Cia. Antares
SERVIÇO
Datas: 10, 11 e 12 de novembro
Horários: Duas sessões | 19h e 21h
Local: IPRA | R. Diogo Feijó, 1956, Estação
Convites: Gratuitos | Chegar com 1h de antecedência para garantir o seu
convite | 90 lugares por sessão
Recomendação etária: 16 anos