Nesta sexta-feira, 23, em entrevista a uma rádio de Franca, o prefeito Alexandre Ferreira proferiu algumas acusações contra a Santa Casa de Franca. Enquanto discutiam sobre a falta de leitos de internação na rede pública, o chefe do executivo disse que “a Santa Casa também dificulta o processo”. Em relação a isso, a instituição enviou à população uma carta aberta, onde responde às acusações feitas pelo prefeito. Confira a nota na íntegra:
“Em resposta as colocações apresentadas pelo Exmo. Prefeito Alexandre Ferreira, conforme matéria veiculada na imprensa francana, nós, trabalhadores da saúde, vimos esclarecer os seguintes aspectos:
– ao longo dos seus 126 anos de história, o Grupo Santa Casa de Franca sempre manteve parceria com o Poder Público, chegando inclusive ao patamar de uma dívida bancária de R$ 54.000.000,00 (cinquenta e quatro milhões de reais) para manter atendimentos que são de
responsabilidade exclusiva do Poder Público;
– em 2015, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022, 2023 o Grupo Santa Casa prevendo o aumento populacional apresentou um plano de expansão de leitos saindo dos atuais 281 leitos e chegando a 400 leitos, apresentado desde então para todos os gestores da Saúde, uma vez que como dito pelo prefeito a Santa Casa é prestadora de serviço e não criadora de leitos, alertou a todos desde aquele momento, sem apoio, infelizmente.
– o Grupo Santa Casa de Franca nos últimos anos sempre atendeu em patamar superior ao contratado pelo Gestor SUS, fato este reconhecido pelo Governo do Estado e Ministério da Saúde, que neste ano, iniciaram ajustes no referido contrato;
– com relação ao Poder Público Municipal, o Grupo Santa Casa de Franca mantem em funcionamento dois ambulatórios escolas (com a participação das faculdades de medicina da cidade); um ambulatório de ortopedia e um ambulatório para intercorrências das gestantes, que são de responsabilidade do Município e realizado pelo Grupo Santa Casa; realiza também inúmeros exames laboratoriais e de imagem para o Município, por isso, nos causa espanto a colocação do Prefeito Municipal;
– em relação aos leitos de UTI-Covid, o Grupo Santa Casa de Franca foi parceiro importante do Governo do Estado, chegando a abrir 53 leitos de UTI Adulto, 24 leitos de enfermaria adulto e 5 leitos de UTI Infantil. Já em relação ao Município de Franca, parte dos valores do COVID-19 não foram recebidos pela Santa Casa da prefeitura de Franca.
– com relação ao novo hospital estadual, o Grupo Santa Casa de Franca foi taxado de ser “contra”, quando na verdade estávamos alertando o Poder Público da necessidade de leitos provisórios até funcionamento do novo hospital, muitos queriam os louros do hospital, mas poucos, pensaram no atendimento de HOJE da população;
– em relação ao Cateterismo houve um problema mundial com contraste, (substâncias químicas que têm a função de realçar áreas específicas do corpo, delimitando e diferenciando tecidos normais de lesões ou processos inflamatórios).
– infelizmente ocorrem óbitos na Santa Casa de Franca, às vezes na madrugada, e sabedores da necessidade da população, o Grupo Santa Casa de Franca não pode esperar o amanhecer de um novo dia para liberar nova vaga, por isso, algumas vagas são e serão liberadas na madrugada, seja por motivo de óbitos, ou até mesmo de pacientes que aguardam o serviço de ambulância, que trabalha incansavelmente, mas às vezes demora em virtude da demanda existente. Lembrando que entre a alta de
um paciente e a chegada de outro, o leito precisa passar por processo de desinfecção e limpeza;
– a estrutura hospitalar da região deveria ser melhor utilizada pelo Poder Público, inclusive pelo Município de Franca, e acreditamos que com a regionalização proposta pelo Governo do Estado isto deva melhorar;
O Grupo Santa Casa de Franca sempre esteve aberto ao diálogo e disposto para auxiliar a população de Franca e região, cumprindo seu papel fundacional, inclusive, hoje, acompanhamos os investimos de saúde em nossa cidade, 40 milhões de reais (UPAS – que necessitaram de vagas hospitalares, porque não realizam internação); UBS (fundamentais para a população de Franca) e o novo hospital, 150 milhões de reais (que após o início de suas atividades será muito importante para Franca e região), mas quando o assunto é novo leito na Santa Casa, para atender HOJE a população, tudo é muito complicado, “a Santa Casa dificulta o processo”, o projeto para 50 leitos custa 8.9 milhões de reais.
O Poder Público não cumpre o seu papel e quer impor diante da sua inabilidade, desrespeitando por completo o histórico do Grupo Santa Casa de Franca.
Até quando seremos culpados pela incapacidade do Poder Público? Quando seremos ouvidos e respeitados?
O trabalho realizado no Grupo Santa Casa de Franca é sério, salva vidas e precisa ser respeitado. Não podemos colocar em risco esta instituição centenária, último e mais importante abrigo da população usuária do Sistema Único de Saúde, se todo sistema não resolver é do Grupo Santa Casa de Franca que o paciente terá que recorrer.”
-Assinado pelos trabalhadores da saúde!
-Diretorias Clinicas e Técnicas
-Corpo Gestor do Grupo Santa Casa