A vacina contra a chikungunya desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e a empresa de biotecnologia francesa Valneva é segura e gera alta resposta imune com uma única dose em quase 100% dos voluntários. É o que mostram os resultados do ensaio clínico de fase 3 publicados na revista The Lancet na última segunda (12).
O estudo envolveu 43 centros de pesquisa dos Estados Unidos e mais de 4 mil participantes adultos e idosos. O imunizante do Butantan e da Valneva é o único no mundo contra a chikungunya que está em estágio avançado de pesquisa.
Transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, o vírus circula em mais de 110 países. Entre 2021 e 2022, o Brasil apresentou um aumento de mais de 100% nos casos da doença; só neste ano, já foram registrados 118 mil casos prováveis, de acordo com o Ministério da Saúde.
A análise de imunogenicidade da vacina foi feita em um subgrupo de 362 voluntários (266 do grupo vacinado e 96 que receberam placebo) e o imunizante induziu produção de anticorpos neutralizantes em 99% dos indivíduos após 28 dias da vacinação. Nesse período, os títulos de anticorpos aumentaram 471 vezes.
A proteção foi mantida em 96,3% dos participantes mesmo após seis meses da aplicação da vacina, com níveis de anticorpos neutralizantes aumentados em 107 vezes em comparação com o início do estudo (pré-vacinação).
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Os pesquisadores seguirão acompanhando os voluntários por cinco anos para avaliar a manutenção da resposta imune. Em relatório divulgado em dezembro de 2022, a Valneva afirmou que a soroconversão ficou em 99% um ano após a imunização e que os títulos de anticorpos foram sustentados.
A vacina foi bem tolerada por toda a população do estudo, tanto em adultos jovens como em idosos. A maioria dos eventos adversos foi leve e passageira, sendo os mais comuns dor de cabeça, fadiga e dor muscular. Somente dois eventos adversos graves foram registrados e ambos os participantes se recuperaram totalmente.
Vacina está sendo avaliada em adolescentes no Brasil
Como os Estados Unidos não são uma região endêmica para chikungunya, ou seja, não têm uma população exposta frequentemente ao vírus, ainda não se sabe o efeito da vacina em pessoas com imunidade pré-existente. Para avaliar o imunizante dentro desse cenário, um ensaio clínico paralelo está sendo conduzido no Brasil pelo Butantan em 750 adolescentes de 12 a 17 anos.
São dez centros de pesquisa de diferentes estados, nas cidades de São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Laranjeiras (SE), Recife (PE), Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Boa Vista (RR). As regiões foram escolhidas por apresentarem alta circulação do vírus da chikungunya.
Fonte: SP Notícias