As vendas de imóveis usados caíram 50% e o número de imóveis alugados foi 20% menor em fevereiro comparado a janeiro deste ano na região de Franca, segundo pesquisa feita pelo CreciSP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo) com 15 imobiliárias de quatro cidades – Franca, Igarapava, Patrocínio Paulista e São Joaquim da Barra.
As imobiliárias venderam apenas apartamentos em fevereiro, com preço médio entre R$ 101 mil e R$ 200 mil, situados em bairros de periferia, de padrão construtivo standard e financiados pela Caixa Econômica Federal. A área útil é de até 50 metros quadrados, com dois dormitórios e uma vaga de garagem.
No segmento de locação, as imobiliárias e corretores consultados não alugaram apartamentos, apenas casas, com aluguel mensal médio de até R$ 1 mil.
Para o presidente do Creci de SP, José Augusto Viana Neto, a queda no movimento de imóveis usados no mês de fevereiro não é preocupante, porque é comparada com janeiro. “Nós tivemos bons períodos e se fecharmos o consolidado do ano, Franca vai estar com resultado positivo muito bom. Agora é evidente que o que nos traz maior preocupação são as taxas de juros, que elevaram muito ultimamente em razão da Selic e um percentual que aumenta na taxa de juros elimina-se da possibilidade de aquisição da casa própria inúmeras pessoas.”
Viana ressalta que o momento econômico que o país enfrenta também tem causado um entrave no mercado imobiliário. “A inflação que tem aumentado muito e nos traz muita preocupação. As pessoas deixam de assumir responsabilidade por financiamento de imóveis que é por 30, 35 anos, e ficam receosas de fazer um financiamento, mesmo tendo condições. Imaginávamos que até esse ponto a situação já estaria voltando à normalidade, mas não é o que acontece, temos que aguardar as novas movimentações por parte da equipe econômica do governo”.
Já para a queda nas locações, o presidente do Creci elenca dois motivos principais, o aquecimento nos contratos tradicionalmente gerado pela chegada de estudantes, e os reajustes. “As locações pelos universitários se dão nos meses de dezembro e janeiro, fevereiro normalmente é um mês fraco. Outra preocupação é a evolução do IGPM, o índice usado para reajuste de aluguéis. Como nós tivemos os últimos dois anos de grandes picos de reajuste isso também preocupa o eventual locatário”.
Uma das ressalvas feitas por Viana é que “a realidade da cidade de Franca se comparada com muitas outras regiões no Estado de São Paulo é altamente positiva”. “Franca tem demonstrado um poder econômico financeiro muito bom, está concentrando na cidade o interesse de uma região grande, com inúmeros municípios, entroncamento de rodovias importantes, e a indústria, que traz uma estabilidade. Nós tivemos momentos em que Franca enfrentou a situação com tranquilidade por ter emprego pleno, ser uma cidade de empregos formais, com carteira assinada. Não há nada que possa trazer preocupação principalmente no mercado imobiliário de Franca, que temos uma perspectiva futura muito boa”, afirmou, ao reforçar que para que o cenário atual fique mais agressivo, com mais vendas e locações, depende exclusivamente da política econômica adotada pelo governo federal.
“Não podemos fazer um lançamento, vendê-lo, se comprometer com eventuais interessados, que hoje têm uma determinada faixa de renda e encontram uma taxa de juros sendo praticada no mercado que daqui dois anos, quando o prédio vai ser entregue, o salário da pessoa continua o mesmo ou até menor e a taxa de juro diferente, aí ela não vai poder fazer o negócio e para desfazer um contrato desse o comprador vai ter multa de 20% a 50% daquilo que foi pago”.
A pesquisa do Creci apresenta mais detalhes sobre comercialização e alugueis no mercado imobiliário. O levantamento mostra que em fevereiro todas as residências locadas possuem dois dormitórios, uma vaga de garagem e área útil que varia de 101 a 200 metros quadrados (33,33%) e até 50 m2 (66,67%).
O padrão construtivo dessas casas é standard e elas se distribuem por bairros centrais, de periferia e áreas nobres das cidades.