Nelise Luques
O comerciante Fernando de Oliveira Campos, 68, acompanha de perto a trajetória de dezenas de entidades assistenciais de Franca há 21 anos. Ele reconhece o papel fundamental que elas exercem na assistência prestada a pessoas com deficiência, dependentes químicos, crianças e idosos.
São trabalhos que transformam vidas e que suprem lacunas que o Poder Público não consegue cobrir.
Especialmente neste fim de semana, Fernando vive um momento de muita expectativa com a realização da 42ª Feira da Fraternidade após um período crítico da pandemia da Covid-19, que comprometeu o caixa das entidades e os serviços prestados.
O evento é bastante tradicional na cidade, promovido em parceria com o município, e nesta edição reúne mais de 20 entidades no Parque “Fernando Costa” para vender, a preços populares, calçados, roupas, bijuterias, artesanato, arrecadando recursos para arcar com despesas dos projetos que desenvolvem.
Em entrevista ao Verdade, Fernando Campos ressaltou a importância de vários segmentos da sociedade se unirem para ajudar a manter uma rede de apoio para atender as pessoas mais carentes.
Fernando, quem fundou a Associação das Entidades Assistenciais de Franca e com qual objetivo?
Ela surgiu com o fechamento do Ceaf, que era o Conselho das Entidades Assistenciais de Franca e no dia 17 de julho de 2001 nós fundamos a Aeaf porque tinha que manter a atividade.
O senhor está na Aeaf há 21 anos, desde a fundação, como tem sido sua rotina frente à associação?
A gente procura estar aprimorando o trabalho da entidade. Estive conversando com o prefeito e nós falamos a respeito disso, então eu acho que nós vamos ter uma associação bem mais atuante que agora. Pelo menos nós conversamos e chegamos a esse entendimento.
Sem dúvida é importante essa associação e o apoio que ela dá às entidades…
As entidades precisam ter uma representatividade. Mas só que para fazer um trabalho bem feito, a gente depende muito da parte financeira, para estar formatando. E eu acredito que logo logo nós vamos ter novidades.
Como o senhor avalia o papel das entidades assistenciais no atendimento à população carente, muitas vezes cobrindo lacunas deixadas pelo Poder Público, que não tem condições de atender toda demanda?
Essenciais. Hoje em Franca não tem favelas e esse trabalho, não tenha dúvida, é graças às nossas entidades que oferecem um serviço de suporte muito bom com famílias, com pessoas que às vezes não tem condições de manter a sua vida, as suas coisas e as entidades entram nessa área, atuando em todos os segmentos, com dependentes químicos, deficientes, excepcionais. Então, nossas entidades fazem um trabalho de grande valor, não tenha dúvida disso.
Franca sedia mais uma edição da Feira da Fraternidade neste fim de semana. O senhor sempre afirma que o evento é primordial para manutenção dos trabalhos assistenciais na cidade. Por quê?
É. Na Feira da Fraternidade, as entidades que dela participam sempre têm angariado recursos para ajudar, como já disse, naquilo que elas fazem, dando suporte de manutenção aos trabalhos sociais das nossas entidades. E, principalmente agora após uma pandemia, porque faz dois anos praticamente que não tem, as entidades estão aqui na Feira da Fraternidade com muita esperança, com muita vontade e muita certeza que daqui vão sair com um resultado bastante positivo. Porque, infelizmente, muitas não têm subvenção municipal, estadual, então elas têm que ir atrás de recursos assim e a feira traz isso, esses resultados sempre positivos para as que participam dela, principalmente no final de ano, consigam ter esse suporte necessário para a manutenção dos trabalhos.
Como o senhor disse, a falta de recursos foi o principal aspecto que impactou as entidades na pandemia. Percebemos que essa edição da Feira da Fraternidade é marcada pela esperança. É realmente esse o sentimento que predomina entre os envolvidos no evento?
Exatamente. É, geralmente, elas saem daqui com resultados bem satisfatórios. E nós não podemos deixar de agradecer também a classe empresarial, as pessoas, mesmo físicas, que ajudam doando produtos para que elas possam realizar a feira, isso é muito importante. É preciso também que as pessoas tenham o entendimento que, na realidade, elas não estão ajudando as entidades, mas quem as entidades ajudam. As pessoas têm que ter o conhecimento para procurar de alguma forma estar vindo aqui, estar participando, estar doando produtos que possam ser vendidos e revertidos em dinheiro para a manutenção dos atendimentos. É extremamente necessário todos se darem as mãos para conseguirmos chegar ao resultado positivo.
Fernando, o que o público encontra na feira, quais os principais atrativos, especialmente para este domingo quando ela será encerrada?
Olha, nós temos aqui muitos produtos que são vendidos, tudo que é arrecadado na cidade é vendido aqui. Para você ter uma ideia até móveis estão sendo vendidos aqui este ano, vestido de noiva, além dos calçados, roupas, bijuterias, prataria, folheados. A Praça de Alimentação também é maravilhosa, nossas entidades estão todas lá vendendo produtos a preços populares, apesar de tudo estar com preço muito alto, ainda se consegue vender com um valor para atender o nosso público. Então a gente quer que o pessoal que vem visitar a feira, para ajudar, comprar algum produto, que saia daqui satisfeito, com esse pensamento que além de estar levando um produto, uma mercadoria com certeza de custo barato, ele está ajudando as nossas entidades e automaticamente está ajudando quem as entidades ajudam.
Fernando, mais de 20 entidades participam da 42ª edição da Feira da Fraternidade, o senhor pode destacar os trabalhos que elas realizam e estimar quantas pessoas elas atendem no total?
Olha, é muito variável esse número. Na Feira nós temos todos os segmentos, serviço de dependentes químicos, creches, lar de idosos, associação de deficientes, tem toda a gama de trabalhos da área social, mas não se tem um resultado exato para falar quantas pessoas atendem. Por exemplo, a Associação Educacional, Cultural Amigo Solidário atende mais de mil crianças e adolescentes, com segmentos na bola, balé, música, entendeu?
Como foi o período da pandemia para essas entidades conseguirem sobreviver, uma vez que as doações reduziram e como está sendo esse período de retomada?
A situação estava insustentável, então com a feira voltando, vem a esperança de estar retomando os trabalhos e a alegria de estar fazendo isso.
Que mensagem o senhor deixa para as pessoas que têm interesse em apoiar os trabalhos assistenciais em Franca?
Nós precisamos ter sempre em mente que para nós termos uma cidade com um nível melhor de atendimento social, atendendo aqueles irmãos nossos que realmente têm uma certa carência, nós temos que entender que nós temos que dar as mãos e cada um ajudar da melhor maneira possível. Ajudar para que possa amenizar tudo isso e levar um pouco mais de conforto para essas pessoas, para os nossos irmãos que não estão conseguindo manter o nível normal, ou que encontram muita dificuldade para isso.
Tem alguma informação que o senhor gostaria de acrescentar que não tenha sido falada na nossa conversa?
Sim. No domingo, a Feira da Fraternidade abre às dez horas da manhã; vamos aguardar a visita de todos, das pessoas que sempre nos prestigiam, que possam realmente estar aqui e ajudar as nossas entidades.