Nelise Luques
Especial para o Verdade
Marcos Parra, diretor da Parra Imobiliária, iniciou sua atuação como corretor de imóveis muito jovem. Aos 18 anos, deixou a venda de calçados nos negócios do pai e migrou para o mercado imobiliário. São mais de 30 anos de experiência na área.
Em entrevista ao Jornal Verdade, Marcos Parra avalia o momento vivido pelo setor com a pandemia da Covid-19 e destaca iniciativas da empresa para se adaptar ao novo cenário, como a venda de lotes por Drive Thru.
Parra também avalia que a pandemia acelerou uma mudança de comportamento. “Com o ‘Fique em Casa’, as pessoas sentiram a necessidade de ter mais qualidade de vida e viver o agora. As pessoas estão escolhendo onde e como querem morar”.
Marcos, qual é a sua formação e há quanto tempo o senhor atua no mercado imobiliário?
O tempo que eu atuo é desde os meus 18 anos, então já faz 32 anos de atuação como corretor de imóveis. A imobiliária vai fazer 25 anos em novembro, a Parra é de 1996. Eu não tenho formação, minha formação é técnico em transações imobiliárias e eu procuro exercitar isso ao pé da letra, prestando serviços, intermediando as pretensões dos clientes, quem quer comprar, quem quer vender, sendo justo um com o outro, dando segurança para que as pessoas possam fazer negócios.
E como o senhor se tornou corretor aos 18 anos, como surgiu a oportunidade?
Foi por uma questão de família, eu me casei muito cedo, meu primogênito também nasceu em dezembro de 1988, eu estava com 18 anos ainda e eu era representante de calçados. Meu pai tinha uma loja de sapatos aqui no centro da cidade e na época eu trabalhei três meses como representante e encerraram-se as vendas em setembro, eu ia ficar parado outubro, novembro e dezembro esperando para começar o outro ano. E nesse meio tempo eu falei ‘bom, à toa eu não vou ficar, o que que eu faço enquanto eu aguardo?’ Comecei a exercitar a corretagem imobiliária e não parei mais, não voltei a atuar como representante.
A Parra hoje está com quantos funcionários e como se estrutura a empresa?
O grupo todo tem 47 pessoas. A gente tem até um número reduzido perto de outras empresas que trabalham com todas as áreas imobiliárias, porque aqui nós temos diversas empresas dentro da empresa. A Parra é uma marca, uma bandeira, abaixo dela tem a locação de imóveis residenciais e comerciais, que provoca uma outra empresa que administra a carteira desses imóveis de aluguéis, que é a administradora. Nós temos compra e venda de terceiros, nós temos empreendimentos, gestão de venda, coordenação de venda que a gente trata com outros parceiros de outras imobiliárias também, e a gente amplia o leque, como a gente tem uma outra que é de desenvolvimento imobiliário, de planejamento tanto vertical, horizontal, construção ou loteamento, aberto ou fechado e também nós temos a administradora de carteiras desses loteamentos, gestão de empreendimentos e até de obras de empreendimentos. Então são diversas empresas dentro da empresa mesmo.
Considerando toda a sua experiência, como avalia o mercado imobiliário nacional e em Franca?
O mercado imobiliário teve um grande salto de 2008 até 2012, 2013, um aquecimento muito bom. Programas como o Minha Casa, Minha Vida fizeram acelerar a entrada no mercado imobiliário do público jovem para a aquisição de imóveis, porque quando eu comecei, há 30 anos, eram pessoas na faixa dos 40 anos que compravam imóvel, ela tinha que ter uma vida pregressa já, ter amealhado alguma condição para poder adquirir. De 2008 a 2013, abriu o leque para todo mundo e isso deu uma alavancada muito grande. Porém em 2014, 2015, 2016, 2019, houve uma estacionada, o país deu uma travada, imóvel não foi um investimento nesse período e deu uma estagnada, porém, por incrível que pareça, a pandemia fez com que as pessoas deixassem de viver só de investimento e passassem a usufruir um pouco dos imóveis. Então, ‘Fique em casa’. ‘Está bom, mas como eu vou ficar em casa, como é que eu estou na minha casa?’ De repente, aquilo com que ele convivia mais ou menos ficou insuficiente, porque antes ele tinha parque para ir, clube para ir, família para visitar, Rifaina, rancho, clubes, restaurantes, bares e praças para momentos de lazer, mas ele teve que ficar na casa dele e começou a olhar o que que ele estava vivendo dentro desse espaço. Uma pessoa com condição financeira, com uma economia guardada, mas que não usufruía. Isso deu um toque na pessoa de ‘eu preciso usufruir, eu preciso dar conforto para a minha família para esse ‘Fique em casa’’. E aí começou uma onda, desde uma simples compra de sofá e tv novos até uma reforma completa, uma repaginação. Muita reforma, muitos projetos de construção que as pessoas estavam adiando para começar, como não parou a construção, eles foram tirados da gaveta e ‘vamos construir’. Ficamos muitos anos, a grande maioria da população, fazendo o que era preciso e necessário para morar, agora nós estamos tendo a vontade e uma audácia positiva de escolher onde morar e como morar. Então, fazer um jardim vertical dentro de casa, deixar uma árvore dentro de casa, construir uma piscina dentro de casa e você curtir isso tudo, você vivenciar, usufruir do imóvel, isso que está mudando e a pandemia fez acelerar esse processo. Era uma tendência mundial, mas agora acelerou porque trouxe um novo olhar: ‘vamos viver agora’. Então, o mercado imobiliário do Brasil inteiro acelerou e acelerou forte com a pandemia. Por que que eu uso a palavra acelerou? Porque já era uma tendência.
E como deve ficar o setor no pós-pandemia?
Permanecer aquecido. Nós temos uma visão que pelo menos nos próximos dez anos a coisa vai continuar crescendo, por que que eu digo isso? Eu digo porque o sistema habitacional, o financiamento, antes era só pessoa de classe média, baixa renda que fazia, era a classe econômica e alguns médios que faziam financiamento. Hoje não, hoje os empresários fazem conta, então eles percebem que é muito melhor financiar parte de uma casa ou o total dessa casa que você está comprando, que você pode usufruir disso e pagar mensalmente, isso também acelera os negócios. Temos hoje um mercado de classe média e classe média alta de 3%, 4% realizando financiamento, o que era quase perto de 0% antes. Isso vai chegar a 50% financiando, então é muito promissor.
Como a Parra Imobiliária se posicionou frente à pandemia?
No começo de 2019 a gente já estava tratando da digitalização dos processos e da comunicação, tendo bots para poder dar resposta rápida para o cliente, tendo Whats App Business já integrado, para que pudéssemos ter as informações trocadas e facilitar o nosso dia a dia. As assinaturas digitais a gente também já estava implantando. A gente já estava no caminho. Quando veio a pandemia, acelerou muito esse processo, então a Parra já estava se relacionando com empresas de tecnologia, essa foi a nossa protegida que Deus deu, ou nossa sorte, queira entender da forma que for, mas a gente já estava relacionando nessa área e acelerou mais ainda com a pandemia. O site não é só comercial, ele é interativo, um site que você tem informações, insere documentos, marca desocupações, tem a área do cliente, em que você tira boleto, extrato, verifica seus documentos, é uma série de serviços que facilita muito o dia a dia do usuário. Então assim, a digitalização começou e digo que nós temos ainda mais de 50% para chegar no que seria o ideal, mas a gente nem sabe qual é esse ideal porque a cada dia temos uma inovação que nos surpreende.
Falando em inovação, recentemente vocês fizeram uma ação diferenciada no lançamento de um loteamento na região: vendas por Drive-Thru, como surgiu essa ideia?
Sim, realizamos no dia 17 de julho agora, nós marcamos a data de lançamento do Reserva dos Ipês e no meio de uma pandemia. Nós temos aqui como princípio que a forma mais democrática que existe para se vender algo é por ordem de chegada, porque a gente coloca preço de lançamento diferenciado para poder ter realmente o interesse, uma condição de pagamento também diferenciada, que atrai, que dá condição para a pessoa escalar e alcançar esse produto. Só que estamos no meio da pandemia e, para evitar o contato direto entre as pessoas, surgiu a ideia do Drive-Thu, como os restaurantes estavam fazendo, e a gente conseguiu respeitar a ordem de chegada dos carros. Foi o primeiro que realizamos e foi um sucesso mesmo, o pessoal gostou.
A iniciativa realmente funcionou e chamou a atenção dos clientes. Qual balanço vocês fazem?
Nós tivemos lá 87 carros, 87 famílias que adquiriram o terreno naquele momento. No dia foram vendidos 40% dos lotes no sistema Drive-Thru. Então, foi um sucesso para a gente porque muitas pessoas ainda estão com precaução e têm que ter realmente, está receoso do contato (por risco de transmissão do coronavírus), mas foi animador, foi muito bem aceito pelas pessoas. Fomos surpreendidos pelo volume, porque assim, tudo depende do produto. Nós estamos falando do Reserva dos Ipês, ele é residencial fechado, classe média, que tem um determinado padrão, porém ele tem o preço que está a metade do metro quadrado de Franca. Mas é em Cristais Paulista, mas que é a melhor cidade que a gente tem na região, que o pessoal gosta muito, é topografia plana e tudo mais. Por não ser um econômico, o número de vendas a gente achou que seria até um pouco menor, mas surpreendeu.
Marcos, quais são os diferenciais do Reserva dos Ipês?
O Reserva dos Ipês surgiu por uma necessidade de mercado, que foi provocada em Franca. Na cidade, muita gente quer morar em um residencial fechado, esses novos que existem perto da Unifran, mas a pessoa faz uma conta que ela precisa ter, entre comprar terreno e construir ou comprar uma casa pronta, de R$ 1 milhão a R$ 1,4 milhão no mínimo, se não ela não consegue entrar ali naquele meio. E nós temos aqui na imobiliária a compra e venda de terceiros e vemos muitas leads geradas procurando casas em condomínio de R$ 600, R$ 800 mil e essas pessoas só tinham uma opção nesta faixa de valor, ir para apartamento, casa em loteamento fechado neste valor, esquece, não tinha opção. E aí nosso departamento de desenvolvimento e criação descobriu essa área em Cristais Paulista, fizemos parceria com o terrenista, desenvolvemos a área e nasceu o Reserva do Ipês, com 277 lotes, seguindo a mesma tipologia, eu dou como exemplo o Toscano, o Olivito, o mesmo padrão de portaria, fechado com muro, a qualidade do urbanismo com asfalto, guias e sarjetas, o paisagismo, áreas de lazer e o terreno, 12 x 28 é o menor terreno, a grande maioria, que dá 336 metros, a mesma tipologia de tamanho. Aqui em Franca custa na faixa hoje de R$ 1100 em média o metro quadrado, lá, nós estamos aplicando uma média de R$ 550 o metro quadrado. Com isso, você paga por um terreno de 336 metros na faixa de R$ 185 mil, se fizer uma casa de 150 metros, podemos aplicar mais R$ 375 mil, então a pessoa que vai construir com cerca de R$ 600 mil faz uma casa fantástica para morar. E uma casa dessa hoje no mercado venderia a R$ 850 mil, é justamente a conta que a gente faz para atingir determinado público. Essa turma de 2008 a 2012 que mora em bairro com casas boas, que fez área de lazer com churrasqueira e piscina na casa, mas está no bairro aberto e quer uma qualidade de vida melhor para as crianças terem uma convivência melhor e segurança é o público que adquiriu o Reserva, que quer ter esse diferencial. O item principal para adquirir o reserva que a gente detectou não é segurança, é justamente a tranquilidade, é sair do trabalho e morar em um local para se desligar. O próprio bairro proporciona convivência para as crianças e para os pais também, cria-se uma relação que a gente ouvia nossos pais dizerem como era antes, tinha o bater papo com o vizinho, e isso é salutar. Resumindo, a pessoa casou, aproveitou o financiamento daquela época e foi morar onde dava para morar, bairros bons, mas um pouco mais econômico, classe média baixa, hoje ele está tendo uma condição de escolher onde vai morar. O Reserva passa a ser uma escolha, então pessoas que estão morando em apartamento ou em bairro aberto e querem qualidade no morar. Com a pandemia, as pessoas puderam ter um olhar interno, para as necessidades da casa e dos filhos.
Atualmente a Parra trabalha com mais algum lançamento?
Estamos com um econômico na Zona Oeste de Franca que terá 826 lotes, está em fase de registro. O Reserva dos Ipês II está programada para daqui dois anos, em uma área que a gente tem em frente a esse Reserva do Ipês. Temos muita coisa no forno, mas faz parte do mercado imobiliário a gente ir soltando aos poucos.