Fernando Lima
O garçom de Franca, Fúlvio Apolinário, conseguiu uma entrevista de emprego em uma fábrica de produtos de limpeza nesta sexta-feira (16). Ele gravou um vídeo desabafando por estar sem trabalho e ter o fornecimento de energia da casa dele cortado. De acordo com o garçom, a empresa está analisando o currículo e deve enviar alguma resposta nos próximos dias.
“Nunca imaginei que repercutiria tanto. A minha intenção na verdade não era pedir ajuda, era desabafar mesmo por estar impedido de trabalhar enquanto os cortes continuam”, contou ele, afirmando ainda que o vídeo foi enviado para um grupo de família, mas foi compartilhado por parentes com outros contatos.
O corte de energia aconteceu por volta das 8h, imediatamente ele gravou o vídeo dizendo que não saberia como explicar para as filhas que elas não poderiam tomar um banho quente, e que o leite delas poderia azedar. O irmão de Fúlvio pagou as duas contas atrasadas, junto com as parcelas que a CPFL dividiu de outros débitos anteriores. Por volta das 13h o fornecimento foi reestabelecido.
Após a repercussão, o francano contou que recebeu mais de mil ligações, inclusive de outros estados. “As pessoas se diziam solidárias comigo, querendo me ajudar, perguntando como poderiam colaborar. Eu nunca quis dinheiro, alimento para mim é melhor, já que posso dividir com outros amigos garçons que estão passando pela mesma situação”, explicou.
Parado
Fúlvio contou que já trabalhou como garçom em vários restaurantes da cidade, a quem inclusive demonstra gratidão. “Não tenho nada para reclamar dos meus patrões, muito pelo contrário. Eles estão passando por dificuldades e mesmo assim ajudaram enquanto podiam. Após ficar parado por causa da pandemia, em dezembro eu trabalhei em um outro restaurante, parecia que tudo ia ficar bem, mas em janeiro fechou de novo e desde então estamos passando por dificuldades, chegando a este ponto do corte de energia”, explicou.
A esperança do profissional agora é encontrar um novo emprego e manter as contas em dia. “Eu nunca passei por dificuldades assim, a vida toda trabalhei e tive tudo, amo meu trabalho. Me sinto de mãos atadas com essa situação, te pedem para ficar em casa te impedindo de trabalhar, ao mesmo tempo cortam a sua energia. Muita gente está deixando de pagar a água, a luz não é porque quer, mas é porque o único dinheiro que tem é para comida”, finalizou.
1 Comment
Parabens pela matéria! hoje em dia é muito dificil achar jornalistas que tem coragem de mostrar isso.
Gostaria de ter o contato desse rapaz para ajudar a familia.
poderiam compartilhar?