Ética pode ações, condutas, relacionadas com as regras gerais de Dever ou Ação Correta, chamada também de Código Moral, vistas como obrigatórias a cada homem que deve obedecer sem se importar com seus interesses pessoais. O interesse particular é visto como secundário. O homem deve, como ser racional, procurar o seu próprio e mais elevado bem nesta vida terrena, ter uma virtude prática que revela a expressão exterior do seu caráter. Ética tem ligação com o livre-arbítrio, contudo, a pessoa ética sabe que não pode violar as regras de condutas, de um código, pois a violação gera sanções. Heráclito (c.530-470 a.C) ordena que os homens permaneçam firmes pela Razão comum a todos, embora a maioria se renda às ilusões dos sentidos e reduzam a felicidade à satisfação dos apetites mais humilhantes. Para ele a “Sabedoria é agir de acordo com a natureza com entendimento” – bom – correto e justo. Para Sócrates (470 a.C – 399 a.C) “a um tempo belas e boas são todas as ações justas e virtuosas e os que conhecem não podem preferi nada mais, enquanto os que não as conhecem não somente não podem como se o tentam, só cometem erros. Justiça e as virtudes se resumem na sabedoria ou no conhecimento do bem. Somente a boa conduta é verdadeiramente voluntária. Um homem mau é constrangido pela sua ignorância a fazer o que é contrário ao seu desejo real, que sempre é para o seu próprio bem maior: somente o conhecimento pode deixa-lo livre para realizar o seu desejo. Para Aristóteles a busca pela honra ou reputação é considerada como virtude e, por trás delas vem a Bondade, a excelência moral manifestada no ressarcimento devidamente limitado e a lista é concluída pelas excelências da comunicação social, cordialidade, veracidade e inteligência decorosa. Há inúmeras definições sobre ética. Acredito que viver por viver não é ético, é preciso ter um propósito e tentar alcançá-lo com os meios lícitos, justos, razoáveis e sem causar dano a si ou a outrem. Também não é ético condutas que, aparentemente, produzem um resultado imediato que não é verdadeiro, é fruto de engodo, de fraude, de artimanhas que, em longo prazo, apenas revelarão falta de sabedoria e reforçarão o caráter duvidoso do sujeito. O livre-arbítrio, a liberdade para agir, é inerente ao ser humano, é um bem supremo, mas a sua indevida utilização impõe ao homem um fardo pesado, pode revelar um vício, um traço indesejado da personalidade que se não cuidado, imporá um mau caráter. Não podemos mudar a nossa personalidade, a nossa ética em razão da conduta ou de atos injustos praticados contra nós. Diante das injustiças temos por obrigação refletir e buscar o que de bom existe e o que nós precisamos melhorar e aprender. Sempre há algo de bom, mesmo no que se apresenta como ruim. A formação do caráter, da personalidade, de profissional ético exige tempo, maturidade, reflexão e a certeza de que só tem sentido a vida quando ela está alicerçada em condutas justas, boas, morais e lícitas. Ser ético é uma escolha muitas vezes difícil num mundo no qual as “vantagens”, os “jeitinhos”, as “espertezas” parecem ser mais satisfatórias do que o resultado alcançado com honra, honestidade e integridade, porém, é fato de que as pessoas não éticas, no final, sempre tem resultados negativos. E você é ético?
Acir de Matos Gomes
Advogado e vice-presidente da subseção da OAB-Franca