Reportagem Fernando de Paula
A indústria do calçado de Franca começou o ano com o pé direito. O setor vive a expectativa da redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que começa valer a partir deste mês. A medida foi anuniada no final do ano passado pelo governador João Doria (PSDB), em um evento na sede do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca). A taxa cobrada cairá de 7% para 3,5%, uma redução de 50% e que coloca a indústria de Franca no mesmo índice do estado de Minas Gerais, para onde várias indústrias migraram nos últimos anos atrás de condições fiscais melhores.
Para o presidente do sindicato, José Carlos Brigagão, este é o primeiro passo de uma longa recuperação, já que o país viveu nos últimos anos um processo de desindustrialização, o que afetou diretamente o setor do calçado.
“Começamos de uma maneira diferente este ano, nossa esperança mudou quando o novo presidente, congresso e os novos governadores foram eleitos. Como houve uma desindustrialização do país desde 1986 e durou até dezembro de 2018, as indústrias foram deixando o Brasil. Obviamente essa recuperação será gradual, temos sempre que ter um planejamento a ser cumprido pelos próximos 10, 20 anos”, afirmou.
Ainda de acordo com Brigagão, a visão do governador é de negócios, e por isso houve uma facilidade quando procuraram o mesmo para pedir ajuda para o setor. “Foi o decreto 63.640, que reduziu a carga do ICMS sobre o calçado. Agora estamos em uma fase de planejamento estratégico e um cronograma das ações que serão implantadas. Isso está em fase de elaboração e será discutido entre as equipes do Estado e dos sindicatos para ser entregue ao governador”.
O presidente contou ainda que um planejamento estratégico a nível nacional será montado, a proposta é entregá-lo para o ministro da Economia Paulo Guedes. “Eu não acredito em país, empresa ou instituição sem um planejamento, sem um norte. É mesma coisa de uma canoa onde todos estão dentro dela, mas que cada um está remando para um lado diferente. Esta será a retomada”, finalizou.
Franca tem hoje a capacidade de produzir 40 milhões de pares de calçado, mas fabricou pouco mais de 24 milhões em 2019, o pior número desde 1997. A geração de empregos também despencou e fechou dezembro com pouco mais de 14 mil empregados, o pior índice em 20 anos. Mas no que depender das expectivas de quem entende do assunto, estes números ficarão para trás.
O empresário José Rosa Jacomete, tem uma fábrica de calçados há quase 30 anos. De acordo com ele, para este ano é esperado um aumento na produção e consequentemente novas vagas de emprego poderão ser criadas. “Ano passado produzimos 410 mil pares, para 2020 esperamos produzir mais de 450 mil. O que pesa muito para quem produz calçado é a carga tributária do nosso país que é muito pesada. Essa redução do ICMS com certeza veio em uma boa hora, estávamos precisando disso”, relatou.
Efeitos da redução
Para o Sindicato e economistas, os efeitos da redução do ICMS sobre o calçado começarão a ser sentidos no segundo semestre de 2020, já que o mercado estará adaptado aos novos números, além do fato de que haverá mais dinheiro em circulação, como saques do FGST e menos impostos, como IPTU e IPVA.