Reportagem Fernando de Paula
O Jornal Verdade bate um papo hoje com o radialista Renato Valim, que há mais de 50 anos trabalha na comunicação e é uma das maiores referências da área, tanto em Franca quanto na região.
O profissional completou 79 anos no último dia 12, é casado com Adelina Costa Mello e pai de três filhos: Glenda Cristina, Erica Valim de Mello e Kelven Valim de Mello; tem dois netos, Rafael de 20 anos e Victor Hugo de 10.
Na conversa, Renato Valim contou momentos da brilhante carreira que construiu, desde os gramados nos tempos áureos da Francana, até a cobertura da política onde se tornou uma referência. O repórter abordou ainda o que pensa da tecnologia aliada ao rádio e como vê o futuro do segmento.
A nossa edição de hoje além de contar um pequeno pedaço da história de Valim, homenageia o grande profissional que completou mais um aniversário esta semana.
J.V.- Quando o senhor começou no rádio e qual a sua rotina?
R.V.- Eu comecei há mais de cinquenta anos. O início não foi fácil porque tinha que, por exemplo, viajar de caminhão para as fazendas para cobrir os times amadores de Franca. Ainda tive a oportunidade de trabalhar no Jornal Comércio da Franca, no Diário da Franca com Facury, no Francano com o Tuffy Jorge, enfim, eu era editor responsável pelo esporte desses jornais. Comecei na Rádio Hertz, mas era PRB5 que funcionava ali na Praça Barão da Franca, onde existia uma agência bancária no caso o Banco Bandeirantes, que hoje não tem mais.
J.V.-Quais as principais mudanças daquele tempo com os dias atuais?
R.V.-Parece que naquele tempo as pessoas eram mais sinceras e mais honestas. Não tinha tanto blá blá blá, tanto comentário maldoso, o que já não acontece hoje. Parece que o pessoal era bem mais sério e alegre com certeza, mas não tinha tanta mentira. Não havia tanta vaidade como hoje. Por exemplo, eu faço entrevistas com várias autoridades, personalidades de Franca, do Estado e do país, eu não tenho qualquer problema com o entrevistado, sempre que eu solicito eles me atendem bem. No futebol sempre surgiram problemas, eu trabalhava como repórter de campo e fazia algumas perguntas que o torcedor quer saber a resposta, isso nem sempre agradava o jogador e diretoria. As ameaças surgiam como por exemplo, em Sertãozinho e Taquaritinga. Aqui mesmo no jogo da Francana contra Barretos, eu cobria a Francana no caso e vi os dirigentes ameaçando o goleiro adversário, oferecendo grana para ele porque estava defendendo tudo. Me recordo até o nome, é o Plínio que nem sei se está vivo ainda. Eu denunciei e tentaram me agredir. Eu trabalhava no Fórum na época ali na Ismael Alonso y Alonso, e o pessoal foi lá pra falar para o juiz me mandar embora. Ele negou e falou que não importava o que eu fazia fora dali, já que eu era bom profissional e isso que importava. Foi muito gratificante, inclusive aproveito a oportunidade para lembrar a dona Sônia Menezes Pizzo, a Patrícia Colunista Social, ela foi lá comigo falar sobre esse caso no Fórum. Enfim foi difícil mas superamos tudo isso graças a Deus.
J.V.- Como vê o cenário de mudanças tecnológicas no rádio?
R.V.- Uma evolução incrível e sensacional para o rádio brasileiro, lamentavelmente algumas emissoras ainda não se adequaram a essa nova filosofia. Temos o rádio AM que já está praticamente desaparecendo, mas foi muito bom. Essa mudança é boa e nós temos que procurar nos adaptar, fazer o quê né? Caso contrário vamos sobrar, vamos ficar para trás. Muitas pessoas não sabem quem é fisicamente o Renato Valim, se ele é negro, azul, amarelo e quando às vezes as pessoas te encontram, elas se assustam. Mas a grande verdade é que foi uma mudança sim no rádio, eu entendo que pra melhor. Uma revolução muito boa.
J.V.- O senhor cobre política, como analisa o cenário hoje na cidade?
R.V.-É preocupante em função do que está ocorrendo. Sinceramente eu acredito que o Gilson de Souza gostaria de proporcionar melhores dias para a população, mas infelizmente teve problemas no início e por esta razão, ele está sofrendo todas as consequências e sendo bombardeado por praticamente toda a cidade. Eu estava acompanhando uma solenidade na Praça Nossa Senhora da Conceição na Semana do livro, o Gilson chegou e ficou do meu lado. Incrível como as mulheres gostam dele, por isso que eu já comentei com o pessoal da própria Prefeitura o porque não colocar o Programa Saúde da Mulher para funcionar no sábado? Durante a semana tem muitas mulheres que não podem, olha o número altíssimo de faltas que acontecem. As mulheres saem de casa às seis da manhã para trabalhar em fábrica e as vezes nem vão almoçar. Como vão sair da fábrica? O chefe não vai deixar ela sair para fazer um exame duas horas, nove horas da manhã. Por que não colocar médicos também no sábado para atender essas mulheres, já que a votação do Gilson, por exemplo, foi muito importante através delas? Porque não beneficiá-las agora? Não podemos comparar os vereadores atuais com os vereadores antigos. Não é que esse pessoal de hoje não trabalha, mas a aqueles ex-vereadores como o Kaluf, Vergara, Zé Mercury, Granzoti, foram muito bons. Criaram importantes planos para a cidade. O próprio Jepy, o Roberto Engler, o Valdes, o Radaelli, doutor Marcelo Caleiro, foram muitos os vereadores que passaram pela Câmara realizando um excelente trabalho. Agora há uma luta por parte dos atuais, com exceção do Adérmis, que é pré-candidato a prefeito e o Marco Garcia, que não vai ser candidato, os outros vão brigar. Tem muita gente aí na expectativa de ingressar na Câmara de Vereadores em dois mil e vinte e um.
J.V.- E como que o senhor se sente sendo uma referência dentro da comunicação de Franca e na região?
R.V.- Eu me sinto satisfeito, mesmo porque há um reconhecimento de quem começou comigo. Tem narrador em São Paulo, em Belo Horizonte, aqui mesmo tem vários que iniciaram carreira comigo, o próprio Kelven, Samuel Cintra, Marcelo Facury, Marcos Silva, Adriano De Oliveira, entre vários outros. Alguns seguiram, outros acharam por bem executar outras profissões. Isso também é muito bom. Sou muito grato a ter a oportunidade de ajudar alguém que queira. Agora tem que elogiar esse pessoal que está na comunicação hoje e que começou lá atrás, mesmo porque se eles estão até hoje no rádio e na TV é porque eles sabem trabalhar.
J.V.- Qual o Conselho o senhor deixaria para as pessoas que querem trabalhar com comunicação, em especial no rádio?
R.V.- É importante que se goste. Tem que superar todas as dificuldades porque elas aparecem. Em uma entrevista em uma colocação que o cidadão as vezes entende de outra maneira, no rádio na TV, no jornal, tem que trabalhar e sobretudo se dedicar aquilo que ele vai fazer.
J.V.- O que o rádio deu para o Renato e o que o Renato deu para o rádio?
R.V.- Tudo! O rádio foi bom, foi muito importante porque eu tive a oportunidade de conhecer várias capitais, entrevistar uns dos grandes astros do futebol mundial, que é o Pelé, no Maracanã, entre outras importantes pessoas, autoridades, políticos, presidentes de tribunal, governadores, senadores, deputados, vereadores, enfim, foi muito importante. Tive a oportunidade, acredito, de ter realizado um bom trabalho. Isso é muito importante, a transparência. A honestidade é fundamental na vida de qualquer profissional.