A compra da casa própria deve entrar em uma nova fase em 2026 com a implementação do modelo de crédito imobiliário anunciado pelo governo federal. A mudança, considerada a maior reformulação do SBPE em duas décadas, amplia o alcance do financiamento para famílias de renda média e promete destravar um segmento que historicamente enfrentava restrições de crédito.
Pelo novo desenho, todo o volume de recursos da poupança passará a abastecer o crédito imobiliário. Antes, apenas uma parte do saldo era direcionada ao setor, o que limitava a oferta de financiamentos. A alteração tende a aumentar a concorrência entre bancos e reforçar o SFH.
“Essa ampliação da base de crédito gera um ambiente mais competitivo e pode reduzir barreiras históricas de acesso ao financiamento. Para muitas famílias, 2026 pode ser o ano em que o imóvel próprio finalmente cabe no orçamento”, afirma Thyerry Mendes, corretor imobiliário e sócio da Arremate Perfeito, empresa especializada em educação, assessoria jurídica e intermediação no setor imobiliário.
O governo também ampliou o teto do SFH para imóveis de até 2,25 milhão de reais, mudança que integra ao sistema uma parcela relevante dos empreendimentos urbanos de médio e alto padrão. Paralelamente, a Caixa voltou a financiar até 80 por cento do valor do imóvel, reduzindo a necessidade de grandes entradas e facilitando o acesso de compradores que estavam próximos, mas não conseguiam fechar a conta.
As operações dentro do SFH continuam com juros limitados a 12 por cento ao ano, o que confere previsibilidade ao comprador e ajuda no planejamento de longo prazo. A combinação de teto ampliado, mais crédito disponível e juros regulados deve beneficiar principalmente a classe média, faixa que mais sentiu o impacto das regras anteriores.
A expectativa do setor é de que o novo modelo impulsione a construção civil e incentive novos lançamentos ao longo de 2026. Com mais linhas de financiamento disponíveis, o mercado pode ganhar fôlego e ampliar o estoque de imóveis, beneficiando consumidores que aguardavam um momento mais favorável para comprar.
O uso integral da poupança como fonte de crédito representa uma mudança estrutural, reduzindo a dependência de mecanismos adicionais de captação e fortalecendo o financiamento habitacional como política de longo prazo.
“Do ponto de vista jurídico, o novo desenho cria um sistema menos vulnerável às flutuações e mais previsível para contratos longos. A segurança regulatória tende a favorecer o consumidor na hora de negociar e comparar produtos financeiros”, explica Bruna Antiqueira, advogada especialista em direito imobiliário.
A transição completa está prevista para 2027, o que significa que 2026 será um ano de adaptação tanto para os bancos quanto para os compradores. As instituições devem calibrar produtos, prazos e exigências, enquanto o consumidor precisará acompanhar atentamente as condições oferecidas para não perder oportunidades.
Apesar do ambiente mais favorável, especialistas reforçam a importância do planejamento financeiro. A redução na entrada e os juros limitados não eliminam a necessidade de analisar renda, despesas recorrentes e possíveis variações nos preços dos imóveis ao longo do período de transição. Entender o novo sistema e fazer projeções realistas será essencial para aproveitar a janela de oportunidades de 2026.