Por Pedro Maia
Editor-chefe
Neste sábado, 8 de novembro, a partir das 8h30, o Centro Médico de Franca receberá a inauguração oficial do GAP (Grupo Amigos do Parkinson). O propósito é oferecer acolhimento, apoio e atividades terapêuticas que auxiliem na qualidade de vida e contribuam para retardar a progressão da Doença de Parkinson. O grupo se propõe também a promover encontros voltados à troca de informações, experiências e fortalecimento de vínculos entre pacientes, familiares e profissionais da saúde.
Além da advogada Lígia Almeida Prado, coordenadora do projeto em Franca, estão à frente Cristiane Martins e Marilurdes Bettarello, mulheres que uniram experiência, sensibilidade e propósito em torno de uma causa que exige empatia, informação e cuidado contínuo. No evento de inauguração, estarão presentes o Dr. Luciano Furlanetti – Neurocirurgião (Ribeirão Preto), a Dra. Paula Castro Alves – Fonoaudióloga (Franca) e a Dra. Ana Paula Oliveira – Fisioterapeuta (Franca).
“A gente vai fazer uma inauguração oficial do grupo, mas ele já existe há alguns meses. Já estamos em quase 40 membros desse grupo, mas a cidade ainda não sabe. Então queremos fazer esse evento para que a cidade toda saiba que nós temos este grupo de apoio, de acolhimento, para quem tem a doença de parkinson e para acolher também os familiares e cuidadores dessas pessoas”, ressalta Cristiane Martins, mais conhecida como Krika Amadori.
Amadori conheceu Lígia em uma das reuniões do Grupo Mulheres do Brasil. Como sua mãe também foi diagnosticada com a enfermidade, Krika começou a participar do grupo e hoje é vice-coordenadora deste trabalho.

Da esquerda para a direita, Marilurdes Bettarello, Lígia Almeida Prado e Cristiane Martins (©Divulgação)
Como tudo começou?
Lígia Almeida Prado despertou o interesse pela área quando seu marido, o médico Dr. Walter Oliveira, em 2014, foi diagnosticado com a doença. “Eu fiquei desesperada com o diagnóstico e não podia aceitar que o meu herói, porque ele sempre foi isso para mim, começamos a namorar eu tinha 15 anos, [pudesse] ficar com essa doença. E o meu referencial era dos piores”.
Um primo de Prado era portador da Doença de Parkinson, cuja evolução foi gravíssima. Desde então, ela achava que toda pessoa com doença de Parkinson teria aquela mesma evolução. “Isso me corroía, me matava. E eu, a pedido dele, não comentava com ninguém, não podia contar para ninguém. Então, foi um sofrimento muito grande para mim ao longo desses anos”, conta.
Aos poucos, algumas pessoas próximas foram percebendo. Em 2024, o médico indicou que seu marido fizesse a cirurgia de DBS (deep brain stimulation, em inglês, ou Estimulação Cerebral Profunda). Ela o incentivou bastante, mas tinha muito medo. Pedindo para que todos rezassem por ele, a operação ocorreu em 29 de fevereiro. Em abril, o resultado foi considerado espetacular: “90% melhorou! Essa cirurgia – tem que deixar claro – de DBS, a pessoa precisa ter 5 anos de diagnóstico, não pode ter nenhuma comorbidade, tem que estar com a saúde boa e tem que responder bem ao teste dos remédios. Serve para a parte motora, para tremor, para rigidez, para lentidão e os movimentos involuntários”, descreve Almeida.
Primeiras reuniões
15 dias após a cirurgia, Lígia já havia criado um grupo de amigos, em virtude da necessidade que sentia de partilhar e dar apoio também. “Foi uma troca de experiências muito grande. Eu já estava há 10 anos acompanhando o meu marido, então eu tinha muitas dicas para dar. Percebi que não sabiam muita coisa e achei muito enriquecedor”, discorre.
Ao final do mês de abril, os médicos do marido de Lígia, Dr. Luciano Furlanetti, Dr. Guilherme e Dra. Joyce Yamonato, de Ribeirão Preto, realizaram um encontro para parksonianos e cuidadores e convidaram o casal a assistir. Foi através desta palestra que tomaram conhecimento sobre GAP de Bauru. Gradualmente, o grupo foi tomando forma, recrutando mais de 40 profissionais voluntários. Até mesmo um coral foi criado, e Lígia convidou o Maestro da Orquestra Sinfônica de Franca, Nazir Bittar, para ser o regente.

Grupo já realiza reuniões há algum tempo, sempre na casa de algum paciente (©Divulgação)
Informações essenciais
A doença de Parkinson é a segunda doença degenerativa mais comum do sistema nervoso central após a doença de Alzheimer, segundo a MSD Manuals. Vale destacar que ela possui cinco estágios (inicial, progressão bilateral, instabilidade moderada, instabilidade grave e totalmente dependente), o que não significa que todos os portadores vão passar pelos cinco, pois a doença age de maneiras distintas em organismos diferentes.
“[Há] determinados tipos de Parkinson que atingem as pernas e a pessoa não tem tremor nenhum, ela começa a andar, sente dificuldade, começa a cair… Pode ter constipação intestinal, ou seja, intestino preso, perda do olfato, letra pequena, que é a micrografia, rigidez, lentidão, fadiga, sono agitado, pesadelo, rouquidão,
falar mais baixo, entre outros. Todos são sintomas que começam muito antes da pessoa suspeitar que tem Parkinson”, descreve Lígia Almeida Prado, fundadora do projeto em Franca.
O evento será aberto ao público e voltado especialmente a pessoas com Parkinson, familiares, cuidadores, médicos e profissionais da saúde, além de todos os interessados em conhecer mais sobre o trabalho do GAP e suas futuras ações. Durante a inauguração, o público poderá conhecer de perto a proposta do grupo, entender como participar das próximas atividades e acompanhar um bate-papo com profissionais especialistas em Parkinson, que abordarão temas sobre os cuidados e desafios da doença.
O Centro Médico de Franca está localizado na Rua Um, 5211, no Jardim Monte Carlo.