Durante a Tribuna Livre da 44ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de Franca, Izabel Alves de Souza, representante da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada), utilizou o espaço para falar sobre as pessoas com transtornos globais do desenvolvimento e apresentar uma proposta de criação do Centro de Referência em Neurodesenvolvimento Infantil.
Ela destacou o trabalho da Apada, entidade que tem como objetivo colaborar para a integração de pessoas surdas à sociedade e melhorar sua qualidade de vida. Falou também em nome das mães solo, relatando sua própria experiência como mãe de dois filhos com deficiência — um autista e um surdo.
Izabel explicou que o centro de referência atenderia crianças e adolescentes com TDAH, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e deficiência neurossensorial, por meio de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos, assistentes sociais, psiquiatras infantis, neuropediatras e educadores sociais.
Importância do acompanhamento
Durante sua fala, exibiu um vídeo de uma novela que tratava sobre educação inclusiva, observando que a cena retratada na novela, de anos atrás, ainda acontece hoje. Ela ressaltou a importância do acompanhamento especializado, afirmando: “Nós temos que ver essas crianças com necessidades especiais com um olhar singular para cada caso. Estudar cada caso e dar a ele aquilo que for necessário. Um atendimento humanizado”.
Ao encerrar, agradeceu o espaço e o apoio dos vereadores, acrescentando: “Estamos criando um plano de trabalho para iniciar com palestras que estamos agendando em escolas para nós começarmos um treinamento dentro deste trabalho do centro de referência”.
Vereadores
O vereador Walker Bombeiro da Libras (PL) parabenizou Izabel pela fala e se colocou à disposição para apoiar o projeto: “eu já deixei claro a importância que você tem na minha vida e o tanto que é importante o seu trabalho”.
Em seguida, a professora Regiane Correia também fez uso da tribuna. “Nós queremos levar a inclusão com respeito”, afirmou, ao destacar a necessidade de capacitação dos profissionais que atendem crianças com deficiência. “Nós vemos mais segregação que inclusão, e isso não é só nas escolas”, completou.
Regiane pontuou ainda que a falta de preparo no setor da saúde causa demora em diagnósticos e laudos, defendendo a criação de uma equipe multidisciplinar para atuar com crianças, adolescentes e adultos. “Precisamos criar uma força de lei para que nos apoiem. Temos que ajudar esses profissionais da educação, que muitas vezes se sentem perdidos porque não têm uma formação dentro das escolas”, declarou.
A professora relatou também sua experiência pessoal no cuidado com o filho autista e a importância do preparo profissional, destacando que se formou em diversas áreas da educação especial para atender esse público.
A vereadora Marilia Martins (PSOL) agradeceu e parabenizou as falas das professoras, mencionando a caminhada pela educação especial realizada no último fim de semana. “Profissionais especializados já estão em falta. É um direito, está na LDI mas não é cumprido. Tem que judicializar para conseguir um professor especializado e agora querem tirar”, afirmou. Ela ainda destacou que “essa luta tem um espaço muito especial nesta casa. Nós temos uma frente parlamentar para o direito das pessoas com espectro autista, existe a comissão da pessoa com deficiência aqui dentro, e pode ter certeza que tudo que for proposição e fiscalização, a gente vai continuar cobrando para que a educação não seja só para constar; que seja inclusão de fato”.
O vereador Fransérgio Garcia (PL) também se manifestou, parabenizando as falas e declarando apoio à causa enquanto pai de uma criança autista: “parabenizar a doutora pelo empenho, pela coragem, é uma luta nossa”.