Por Pedro Maia
Editor-chefe
Na volta às aulas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), na unidade de Franca, Gabriel Cepaluni, doutor em Ciência Política pela USP, foi hostilizado por alunos sob gritos de “recua fascista, recua”, além de ter sofrido agressões físicas. O tumulto veio a público quase um mês depois, já que a ocorrência se deu no dia 2 de setembro.
“Como estudante de Direito da UNESP, morador de Franca e porta-voz do MBL-Franca, venho a público expressar minha profunda repulsa pelo gravíssimo episódio de agressão sofrido por um professor de nossa universidade, praticado por grupos de extrema esquerda”, declarou Miguel Francisco, que foi candidato a vereador pelo município no pleito de 2024.
Miguel afirma que este não é um fato isolado. No ano passado, quando os próprios membros e simpatizantes do MBL foram ameaçados dentro da universidade, eles alertaram a direção sobre uma possível escalada de violência. “Em reuniões oficiais, dissemos à diretora, frente a frente: ‘isso vai virar violência’. A omissão da administração diante das pressões e dos achacamentos desses grupos resultou exatamente no que denunciávamos — agora, com um docente vítima da covardia e da intolerância”, enfatizou.
Momento em que um dos manifestantes retira o chapéu da cabeça do professor, que filmava o ato hostil (©Reprodução/Redes Sociais)
“É inadmissível que uma diretoria conivente e acuada continue permitindo que interesses políticos e ideológicos abafem a verdade e coloquem em risco a integridade física de alunos e professores. Este caso não pode ser tratado como mais um episódio abafado”, destacou Francisco, que pede por investigação imediata e transparente, identificação e responsabilização dos agressores, garantias de segurança a toda a comunidade acadêmica e o fim da submissão da administração universitária a grupos violentos e aparelhados.
“O MBL-Franca não ficará inerte. Já demonstramos no passado que não nos calamos diante de ameaças, e agora, diante de agressões físicas contra um professor, não recuaremos um milímetro. Atuaremos com firmeza, mobilização e cobrança pública até que justiça seja feita e a universidade volte a ser um espaço de liberdade, segurança e respeito”, inferiu o estudante de Direito.
Posicionamento
Tentamos contato com o professor Gabriel Cepaluni, buscando seu posicionamento acerca do ocorrido, ao que ele comentou: “No momento, meu principal objetivo é recuperar minha própria voz como acadêmico e refletir sobre como situações como essa transcendem o caso individual, alcançando todos aqueles que defendem os direitos humanos, a liberdade de expressão, a liberdade de cátedra e a rejeição à violência em qualquer forma“.
A UNESP-Franca publicou nas redes sociais uma nota com relação aos acontecimentos no Câmpus, ao que se segue na íntegra:
“A Universidade Estadual Paulista (Unesp) informa que está apurando, com máxima seriedade e responsabilidade, os acontecimentos ocorridos no último dia 2 de setembro envolvendo um professor e um grupo de estudantes na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) do câmpus de Franca (SP). Repudiamos toda forma de violência e qualquer ato que atinja a integridade física de nossa comunidade acadêmica. Por meio da Portaria 75 da FCHS, a instituição instaurou um procedimento de apuração preliminar para a investigação dos fatos, que pode ser concluído em até 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias.
Reforçamos o compromisso de nossa instituição com a ética, o respeito mútuo e o bem-estar coletivo na Universidade. As medidas cabíveis estão sendo tomadas, respeitando o devido processo legal, a manifestação do contraditório, o amplo direito de defesa das partes envolvidas e a promoção dos direitos humanos.
Novas informações serão comunicadas assim que possível, em atenção aos trâmites legais e à privacidade das pessoas envolvidas.”